Práticas transidiomáticas e ideologias linguísticas no rap guarani-kaiowá – Brô Mc’s

a mistura guarani-português como estratégia de negociação social e de luta política

Autores

DOI:

https://doi.org/10.14393/DL27-v10n4a2016-11

Palavras-chave:

Guarani-Kaiowá, Práticas transidiomáticas, Ideologias linguísticas, Performance

Resumo

Neste artigo, propõe-se uma discussão acerca das práticas linguísticas hibridizadas presentes no rap, um estilo musical de origem norte-americana, do Brô MC’s, grupo composto por jovens indígenas da etnia guarani-kaiowá/MS. A partir de uma perspectiva de língua enquanto prática local e enquanto estratégia de negociação social, busca-se depreender os sentidos e as ideologias linguísticas que são indexicalizados na mistura das línguas guarani e português. A análise dos discursos produzidos pelos jovens guarani-kaiowá revela uma reflexividade metapragmática na qual tanto os recursos linguísticos como os demais recursos culturais, dentre eles o estilo musical do rap, são reapropriados pelos atores sociais e ressignificados conforme suas ideologias linguísticas e seus propósitos de denúncia social. Tais estratégias negociativas indicaram que o grupo compartilha não somente uma valorização da língua e da cultura guarani-kaiowá, indicadas por performances identitárias, como uma visão dinâmica e reterritorializada das categorias de língua, cultura e identidade.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Métricas

Carregando Métricas ...

Biografia do Autor

Julia Izabelle Silva, Universidade Federal de Santa Catarina

Mestre em Letras pela Universidade Federal de Goiás.  Doutoranda na Universidade Federal de Santa Catarina.

Referências

AMARO, R. A aldeia rimada no Rap: indigenização da modernidade e reflexividade cultural dentre os jovens kaiowás das aldeias de Jaguapirú-Bororó/MS. In: 29ª REUNIÃO BRASILEIRA DE ANTROPOLOGIA, 2014, Natal. Anais da 29ª Reunião Brasileira de Antropologia. Natal: 2014, p. 1-20.

ANDERSON, B. A. Comunidades Imaginadas. São Paulo: Companhia das Letras, 2015. 330 p.

BLOMMAERT, J.; RAMPTON, B. Language and Superdiversity. Diversities, v.13, n.2, p. 1-21, 2011.

BRUM, E. “Decretem nossa extinção e nos enterrem aqui”. Revista Época, 22 out. 2012. Disponível em <http://revistaepoca.globo.com/Sociedade/eliane-brum/noticia/2012/10/decretem-nossa-extincao-e-nos-enterrem-aqui.html> Acesso em 15 junho 2016.

BUTLER, J. Gender Trouble: Feminism and the Subversion of Identity. New York: Routledge, 1990. 172 p.

CANCLINI, N. G. A globalização imaginada. São Paulo: Iluminuras, 2010. 223 p.

CONHEÇA o grupo de rap indígena Brô MC’s que compõe em guarani. A gambiarra, 13 novembro 2015. Disponível em <https://www.agambiarra.com/bro-mcs/> Acesso em 27 junho 2016.

DOURADOS é talvez a maior tragédia conhecida da questão indígena. Brasil de fato, 30 nov. 2010. Disponível em: <http://antigo.brasildefato.com.br/node/5164> Acesso em 27 junho 2016.

FISHMAN, J. Reversing Language Shift. Clevedon: Multilingual Matters, 1991. 431 p.

GOMES, R. L. O hip-hop como manifestação territorial: aspectos regionais do rap no Brasil. Boletim Campineiro, v.4, n.1, p. 82-134, 2014.

GUARANI-KAIOWÁ, P. K/M. Carta da comunidade guarani-kaiowá de Pyelito Kue/Mbarakay- Iguatemi-MS para o Governo e Justiça do Brasil. Articulação dos povos indígenas do Brasil (APIB), 11 out. 2012. Disponível em <http://blogapib.blogspot.com.br/2012/10/carta-da-comunidade-guarani-kaiowa-de.html> Acesso em 30 junho 2016.

GUGELMIN, F. Brô Mc’s: grupo de rap indígena compõe letras em guarani. Tecmundo, 18 abril. 2012. Disponível em <http://www.tecmundo.com.br/musica/22283-bro-mc-s-grupo-de-rap-indigena-compoe-letras-em-guarani.htm> Acesso em 29 junho 2016.

ÍNDIOS cantam realidade dos Guarani Kaiowás em rimas do rap. Revista Exame, 30 outubro 2015. Disponível em http://exame.abril.com.br/estilo-de-vida/indios-cantam-realidade-dos-guaranis-kaiowas-em-rimas-do-rap/ Acesso em 28 junho 2016.

ÍNDIOS viram rappers para valorizar a língua e cultura guarani em MS. G1 MS, 31 dez. 2011. Disponível em <http://g1.globo.com/mato-grosso-do-sul/noticia/2011/12/indios-viram-rappers-para-valorizar-lingua-e-cultura-guarani-em-ms.html> Acesso em 29 junho 2016.

JACQUEMET, M. Transidiomatic practices: Language and power in the age of globalization. Language and Communication, v.25, n.3, p. 257-277, 2005. https://doi.org/10.1016/j.langcom.2005.05.001

KRAUSS, M. The world’s languages in crisis. Language, vol. 68, p. 4-10, 1992. https://doi.org/10.1353/lan.1992.0075

MAKONI, S; PENNYCOOK, A. (Orgs.). Disinventing and Reconstituting Languages. Clevedon: Multilingual Matter, 2007. 249 p.

MIGNOLO, W. Local Histories/Global Designs. Coloniality, Subaltern Knowledges and Border-Thinking. Princeton: Princeton University Press, 2000. 371 p.

MOITA LOPES, L. P. Como e por que teorizar o português: recurso comunicativo em sociedades porosas e em tempos híbridos de globalização cultural. In: MOITA LOPES, L. P. (Org.). O português no século XXI: cenário geopolítico e sociolinguístico. São Paulo: Parábola Editorial, p. 101-119, 2013.

MORAES, C. Grupo indígena faz rap em guarani para imortalizar idioma. Portal vermelho, 29 jun. 2014. Disponível em <http://www.vermelho.org.br/noticia/244937-11> Acesso em 29 junho 2016.

MYERS-SCOTTON, C. Multiple Voices: An introduction to Bilingualism. Malden, MA: Blackwell, 2006. 472 p.

NETTLE, D.; ROMAINE, S. Vanishing Voices. Oxford: Oxford University Press, 2000. 256 p.

PAIVA, C. Guarani kaiowá no Mato Grosso vivem em situação de campo de confinamento, alerta MPF. Diário Liberdade, Brasil, 30 nov. 2012. Disponível em <http://www.diarioliberdade.org/brasil/repressom-e-direitos-humanos/33553-guarani-kaiow%C3%A1-no-ms-vivem-em-situa%C3%A7%C3%A3o-de-campo-de-confinamento,-alerta-mpf.html> Acesso em 24 junho 2016.

PENNYCOOK, A. Global Englishes and Transcultural Flows. London: Routledge, 2007. 189 p.

______. Language as a Local Practice. London: Routledge, 2010. 176 p.

SAHLINS, M. “O Pessimismo sentimental” e a Experiência etnográfica: Por que a cultura não é um ‘objeto’ em via de extinção (Parte I). MANA, v. 3, n.1, p. 41-73,1997. https://doi.org/10.1590/S0104-93131997000100002

TENÓRIO, C. Índios cantam realidade dos guaranis kaiowás em rimas do rap. Agência Brasil, Palmas, 29 out. 2015. Disponível em: <http://agenciabrasil.ebc.com.br/cultura/noticia/2015-10/indios-cantam-realidade-dos-guaranis-kaiowas-em-rimas-do-rap> Acesso em 28 junho 2016.

Downloads

Publicado

28.11.2016

Como Citar

SILVA, J. I. Práticas transidiomáticas e ideologias linguísticas no rap guarani-kaiowá – Brô Mc’s: a mistura guarani-português como estratégia de negociação social e de luta política. Domínios de Lingu@gem, Uberlândia, v. 10, n. 4, p. 1424–1448, 2016. DOI: 10.14393/DL27-v10n4a2016-11. Disponível em: https://seer.ufu.br/index.php/dominiosdelinguagem/article/view/34970. Acesso em: 22 jul. 2024.