Ideologia de fronteira e modo de vida quilombola na Amazônia paraense
DOI:
https://doi.org/10.14393/RCT174418Resumo
Na formação espacial da Amazônia a divulgação da chegada de um grande projeto, legitimado por meio de plano, programa ou política governamental, afeta a dinâmica espacial do lugar onde se pretende assentá-lo. Tendo por base essa premissa, enfocamos de que modo a construção o trecho da Ferrovia Norte-Sul que vai de Açailândia (MA) até Barcarena (PA) lançado pelo governo federal, a partir do Programa de Investimento em Logística (PIL) impacta os lugares de seu trajeto. Tomando como foco comunidades quilombolas, interpretamos a chegada da ferrovia tal como “ideologia de fronteira” que ameaça o modo de vida no quilombo de África e Laranjituba, cujo território abrange área nos municípios de Abaetetuba e Moju. Para tanto realizou-se entrevistas com moradores das comunidades quilombolas e oficina para elaboração de cartografia social no sentido de representar os riscos que a efetivação da ferrovia traz ao lugar, além de revisão de literatura sobre o tema. O artigo tem três partes, além da introdução e conclusão. Na primeira apresenta-se a “ideologia de fronteira” agromineral contida nos planos e programas governamentais. Na segunda, expõe-se o modo de vida quilombola das comunidades por meio do uso da cartografia social para mostrar a importância do arranjo e da dinâmica espacial como expressões dos seus saberes e fazeres e como isso está ameaçado pela chegada da ferrovia. Na terceira, preocupamos em mostrar como essa ideologia ameaça os modos de vidas das comunidades quilombolas de África e Laranjituba e pressiona o lugar a modificar e alargar suas relações com o mundo.
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