A CONSTRUÇÃO DA RETÓRICA DO AMOR PRESENTE EM POEMAS PORTUGUESES QUINHENTISTAS E SEISCENTISTAS

Autores

  • Guilherme Buiatti Universidade Federal de Uberlândia

DOI:

https://doi.org/10.14393/AM-v22n1-2025-79857

Palavras-chave:

poesia barroca, metáfora aguda, Camões, violante do céu

Resumo

Este artigo analisa a construção da retórica do amor em poemas portugueses quinhentistas e seiscentistas, com foco nos recursos da metáfora aguda e das características barrocas, buscando compreender como tais artifícios ativam o pathos do leitor. A pesquisa fundamenta-se em referenciais teóricos de João Adolfo Hansen, Ana Cláudia dos Santos Silva e Severo Sarduy, articulando conceitos de agudeza, metáfora e artificialização. O corpus selecionado compreende dois poemas: o soneto “Amor é fogo que arde sem se ver”, de Luís de Camões, e “A um Desengano”, de Violante do Céu. A análise textual foi realizada a partir da identificação de metáforas agudas, paradoxos e proliferações significantes. Observa-se que, em Camões, o amor é figurado por metáforas afirmativas e oxímoros que revelam sua natureza paradoxal, aproximando-o da dor e da confusão humanas. Já em Violante do Céu, os paradoxos evidenciam o amor como embate interno, marcado por contradições entre prazer e sofrimento, perfeição e defeito. Em ambos os casos, a retórica barroca é empregada para obliterar significantes e instaurar cadeias de sentido que intensificam o efeito de espanto e encantamento. Conclui-se que os poemas analisados utilizam recursos retóricos e poéticos barrocos para representar o amor como experiência paradoxal e conflitiva. O engenho da metáfora aguda, aliado à proliferação de significantes, demonstra como a poesia seiscentista buscava persuadir por meio da emoção, reafirmando a força atemporal do discurso amoroso.

Referências

CAMÕES, Luís de. Sonetos. Organização de Cleonice Berardinelli. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2000.

HANSEN, João Adolfo. Retórica da agudeza. Letras Clássicas, n. 4, p. 317-342, 2000.

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SILVA, Ana Cláudia dos Santos. A metáfora na formação da alegoria poética seiscentista ibérica. Letras em Revista, Teresina, v. 4, n. 1, p. 30-47, 2013.

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Publicado

20.12.2025

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