Traduzindo o teatro para mangá: a cena de Yorick de Hamlet
DOI:
https://doi.org/10.14393/AM-v22n1-2025-78253Palabras clave:
Hamlet, Cena de Yorick, MangáResumen
Este trabalho propõe uma análise crítica dos desafios e potencialidades da tradução intersemiótica do teatro para o mangá, tendo como objeto a adaptação da cena de Yorick na peça Hamlet, de William Shakespeare, ilustrada por Tintin Pantoja e roteirizada por Adam Sexton (Wiley, 2008). Fundamentado na concepção de tradução intersemiótica como transmutação entre sistemas semióticos distintos (JAKOBSON, 1959) e na ideia de adaptação como transcodificação e transdução literária (HUTCHEON, 2013; DOLEŽEL, 1990), o estudo investiga como elementos da linguagem dramática — como performance, ritmo, oralidade e espacialidade — são reorganizados na linguagem visual sequencial do mangá. A análise baseia-se na teoria da linguagem visual de Neil Cohn (2013), especialmente no princípio da equivalência, segundo o qual diferentes mídias podem expressar estruturas narrativas análogas, desde que respeitem suas gramáticas internas. As categorias funcionais da gramática visual (establisher, initial, prolongation, peak, release) são relacionadas a componentes dramatúrgicos como prólogo, atos, clímax e epílogo. A abordagem mobiliza autores como Roland Barthes (2004), Nicola Dusi (2016), Linda Hutcheon (2013), Lubomír Doležel (1990), Lars Elleström (2017) e Ana Luiza Ramazzina-Ghirardi (2022), compreendendo a adaptação como prática de mediação estética e ampliação interpretativa. A metodologia qualitativa examina como a cena de Yorick, ao ser transposta para o mangá, mantém sua função dramática e afetiva, ao mesmo tempo em que a reinscreve nos códigos da cultura visual contemporânea
Referencias
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