O agonismo como conceito articulador entre crise, democracia e educação

Autores

DOI:

https://doi.org/10.14393/REVEDFIL.v37n80a2017-66941

Palavras-chave:

Educação, Crise, Democracia, Agonismo

Resumo

Resumo: Este artigo visa tensionar e imbricar os conceitos de crise e de democracia sob o prisma da educação. Partimos da elasticidade e complexidade de cada um dos termos para, em seguida, utilizando como instrumento os diagramas de Venn e Pierce, auscultarmos as articulações, intersecções e problematizações possíveis. Este exercício é tanto filosófico-conceitual quanto político, na medida que tem por objetivo verificar as responsabilidades, os limites e as potencialidades da educação na atual crise da democracia. Bauman (2000) e Morin (1979) referenciam as análises sobre o conceito de crise e suas ressignificações contemporâneas; Laclau (2014) e Mouffe (2005, 2013) fundamentam o percurso em busca do conceito de democracia e dos termos que cingem a ideia de crise, como é o caso do antagonismo e do dissenso. Como resultado de nossas análises, o conceito de agonismo surge e revela duas faces: uma se apresenta como elemento articulador entre crise e democracia, e outra como horizonte de ação ou criterium para a educação em circunstâncias intempestivas.

Palavras-chave: Educação; Crise; Democracia; Agonismo 

El agonismo como concepto articulador entre crisis, democracia y educación 

Resumen: Este artículo visa tensionar e imbricar los conceptos de crisis y de democracia bajo el prisma de la educación. Partimos de la elasticidad y complejidad de cada uno de los términos para, enseguida, utilizando como instrumento los diagramas de Venn y Pierce, auscultar las articulaciones, intersecciones y problematizaciones posibles. Este ejercicio es tanto filosófico-conceptual como político, en la medida que tiene por objetivo verificar las responsabilidades, los límites y las potencialidades de la educación en la actual crisis de la democracia. Bauman (2000) y Morin (1979) referencian los análisis sobre el concepto de crisis y sus resignificaciones contemporáneas; Laclau (2014) y Mouffe (2005, 2013) fundamentan el recorrido en búsqueda del concepto de democracia y de los términos que ciñen la idea de crisis, como es el caso del antagonismo y del disentimiento. Como resultado de nuestros análisis, el concepto de agonismo surge y revela dos facetas: una se presenta como elemento articulador entre crisis y democracia, y otra como horizonte de acción o criterium para la educación en circunstancias intempestivas.

Palabras-clave: Educación; Crisis; Democracia; Agonismo 

Agonism as an articulating concept between crisis, democracy and education

Abstract: This article aims to stress and intertwine the concepts of crisis and democracy through the prism of education. We start from the elasticity and complexity of each of the terms and then, using the Venn and Pierce diagrams as an instrument, we listen to the articulations, intersections, and possible problematizations. This exercise is both philosophical-conceptual and political, as it aims to verify the responsibilities, limits, and potential of education in the current crisis of democracy. Bauman (2000) and Morin (1979) refer to analyzes of the concept of crisis and its contemporary resignifications; Laclau (2014) and Mouffe (2005, 2013) substantiate the path in search of the concept of democracy and terms that encompass the idea of crisis, such as antagonism and dissent. As a result of our analyses, the concept of agonism emerges and reveals two faces: one presents itself as an articulating element between crisis and democracy, and another as a horizon of action or criteria for education in untimely circumstances.

Keywords: Education; Crisis; Democracy; Agonism

Data de registro: 11/09/2022

Data de aceite: 03/04/2023

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Lidiane Fatima Grutzmann, Universidade de São Paulo (USP).

Doutora em Educação e Ciências Sociais pelo departamento de Filosofia da Educação e Ciências da Educação da Universidade de São Paulo (USP). E-mail: lidigrutzmann@gmail.com. Lattes: http://lattes.cnpq.br/4801555300777040. ORCID: http://orcid.org/0000-0003-1775-1778.

Joel Cezar Bonin, Universidade Alto Vale do Rio do Peixe (Uniarp).

Doutor em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR). Professor Titular da Universidade Alto Vale do Rio do Peixe (Uniarp). E-mail: joel@uniarp.edu.br. Lattes: http://lattes.cnpq.br/5599831923296454. ORCID: https://orcid.org/0000-0003-0437-7609.

Referências

ADORNO, Theodor W. Educação após Auschwitz. In: ADORNO, Theodor W. Educação e emancipação. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1995.

ARENDT, Hannah. A Crise da Educação. In: ARENDT, Hannah. Entre o passado e o futuro. Trad. Mauro W. Barbosa. São Paulo: Perspectiva, 2016. Kindle version.

BAUMAN, Zygmunt. Modernidade e Ambivalência. Trad. Marcos Penchel. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1999.

BAUMAN, Zygmunt. Em Busca da Política. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2000.

BOBBIO, Norberto. A era dos direitos. Trad. Carlos Nelson Coutinho. Rio de Janeiro: Campus, 1992.

BONIN, Joel Cezar. Consenso e dissenso: um debate entre Chantal Mouffe e Jürgen Habermas sobre a democracia contemporânea. 2020. 219 f. Tese (Doutorado em Filosofia). Programa de Pós-Graduação em Filosofia, Pontifícia Universidade Católica do Paraná, Paraná. 2020.

BRASIL. Lei 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, 16 jul. 1990.

BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, LDB. 9394/1996. BRASIL.

CÂMARA DOS DEPUTADOS. PL 3261/2015: Autoriza o ensino domiciliar na educação básica, formada pela educação infantil, ensino fundamental e ensino médio para os menores de 18 (dezoito) anos, altera dispositivos da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, e da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990, que dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências. Disponível em: https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=2017117 Acesso em: 25 jul. 2023.

CARVALHO, José Sérgio Fonseca de. Política e educação em Hannah Arendt: distinções, relações e tensões. Educação e Sociedade. Centro de Estudos Educação e Sociedade, Campinas. v. 35, n.128, p.813-828, 2014. Disponível em: https://www.scielo.br/j/es/a/3pCQMcJfmF6DgGqhyznTpsh/?lang=pt Acesso em: 1 fev. 2022. DOI: https://doi.org/10.1590/ES0101-73302014122568.

DÜRKS, Daniel Bardini; SILVA, Sidinei Pithan da. Ambivalência, complexidade e conhecimento: Bauman e Morin. Revista Controvérsia (UNISINOS), São Leopoldo, v. 10, n. 1, p. 35-43, jan.-abr. 2014. Disponível em: http://revistas.unisinos.br/index.php/controversia/article/view/9851/4742 Acesso em: 5 set. 2022.

DURKHEIM, Émile. Educação e Sociologia. Lisboa: Edições 70, 2007.

DREYFUS, Hubert L. Michel Foucault, uma trajetória filosófica; (para além do estruturalismo e da hermenêutica). Tradução de Vera Porto Carrero. – Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1995.

FARIAS, Priscila. Visualizando signos: modelos visuais para as classificações sígnicas de Charles S. Peirce. São Paulo: Blucher, 2017. DOI: https://doi.org/10.5151/9788580392746.

FOUCAULT, Michel. A ordem do discurso: aula inaugural no Collège de France pronunciada em 2 de dezembro de 1970. Trad. Laura Fraga de Almeida Sampaio. São Paulo: Loyola, 1996.

GADOTTI, M. Prefácio. In: FREIRE, P. Educação e Mudança. 11. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1983.

GONZÁLEZ, Julián. Democracia Radical en Habermas y Mouffe, el pensamento político entre consenso y conflicto. 1 ed. Córdoba, Centro de Estudios Avanzados, 2018. DOI: https://doi.org/10.2307/j.ctv31vqnz2

HUIZINGA, Johan. Homo Ludens. Editora Perspectivas S.A. 4ª ed. São Paulo – SP, 2000.

LACLAU, Ernesto; MOUFFE, Chantal. Hegemony and Socialist Strategy: Towards a Radical Democratic Politics. Second ed., Verso, 2014.

LAVAL, Christian. A escola não é uma empresa: o neoliberalismo em ataque ao ensino público. Trad. de Mariana Echalar. 1. Ed. Boitempo, São Paulo, 2019.

LEGRIS, Javier. Conocimiento gráfico y diagramas. Un análisis desde la teoría del signo de C. S. Peirce. In: ESQUISABEL, Oscar Miguel. Conocimiento simbólico y conocimento gráfico: historia y teoría. Centro de Estudios Filosóficos Eugenio Pucciarelli. Academia Nacional de Ciencias de Buenos Aires, 1ª ed. Buenos Aires 2013.

MENÁRGUEZ, Ana Torres. Entrevista com Henry Giroux: “A crise da escola é a crise da democracia”. El País, 14 maio 2019. Disponível em: https://brasil.elpais.com/brasil/2019/05/09/internacional/1557407024_184967.html. Acesso em: 4 jul. 2022.

MENDONÇA, Daniel de. Teorizando o agonismo: crítica a um modelo incompleto. Revista Sociedade e Estado – vol. 25, n. 3, p. 479-497, 2010. Disponível em: https://www.scielo.br/j/se/a/Zv6xrBmHnvwnsVc8wK3W7Bg/?format=pdf&lang=pt. Acesso em: 4 jul. 2022. DOI: https://doi.org/10.1590/S0102-69922010000300004.

MORIN, Edgar. Para una crisiologia. In: MORIN, Edgar. El concepto de crisis. Ediciones Megalópolis, Buenos Aires, 1979.

MOUFFE, Chantal. Democracia, cidadania e a questão do pluralismo. Revista Política e Sociedade, Florianópolis, vol.2, n. 3, p. 11-26, 2003.

MOUFFE, Chantal. On the political (Thinking in action). Routledge. 2005.

MOUFFE, Chantal A cidadania democrática e a comunidade política. Estudos de Sociologia, Araraquara, v. 2, n. 2, 2008. Disponível em: https://periodicos.fclar.unesp.br/estudos/article/view/663. Acesso em: 25 jul. 2023.

MOUFFE, Chantal. Agonistics – Thinking the World Politically. Verso, 2013.

O CAMINHO DA PROSPERIDADE. Proposta e Plano de Governo de Jair Bolsonaro, 2018. Disponível em: https://divulgacandcontas.tse.jus.br/candidaturas/oficial/2018/BR/BR/2022802018/280000614517/proposta_1534284632231.pdf . Acesso em: 12 jan. 2022.

RANCIÈRE, Jacques. O dissenso. In: NOVAES, Adauto (Org.) Crise da Razão. Cia das Letras, RJ, 1996.

RANCIÈRE, Jacques. O ódio à democracia. 1ª. Ed. São Paulo: Boitempo, 2014.

SAVIANI, Dermeval. O legado educacional do regime militar. Cad. Cedes, Campinas, vol. 28, n. 76, p. 291-312, set./dez. 2008. DOI: https://doi.org/10.1590/S0101-32622008000300002

SAVIANI, Dermeval. Crise estrutural, conjuntura nacional, coronavirus e educação – o desmonte da educação nacional. Revista Exitus, v. 10, n. 1, 2020. Disponível em: http://www.ufopa.edu.br/portaldeperiodicos/index.php/revistaexitus/article/view/1463. Acesso em: 7 set. 2022. DOI: https://doi.org/10.24065/2237-9460.2020v10n1ID1463.

SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência) Educação falha ou indisponível. Disponível em: http://portal.sbpcnet.org.br/noticias/educacao-falha-ou-indisponivel/. Acesso em: 25 jul. 2023.

SENADO FEDERAL. Projeto de Lei n. 193/2016. Disponível em: Disponível em: https://www25.senado.leg.br/web/atividade/materias/-/materia/125666. Acesso em: 7 set. 2022.

WILLIAMS, James. Pós-estruturalismo. Trad. Caio Liudvik. Petrópolis, Rio de Janeiro, Vozes, 2013.

Downloads

Publicado

2023-12-12

Como Citar

GRUTZMANN, L. F.; BONIN, J. C. O agonismo como conceito articulador entre crise, democracia e educação. Educação e Filosofia, Uberlândia, v. 37, n. 80, p. 1013–1050, 2023. DOI: 10.14393/REVEDFIL.v37n80a2017-66941. Disponível em: https://seer.ufu.br/index.php/EducacaoFilosofia/article/view/66941. Acesso em: 7 nov. 2024.

Edição

Seção

Artigos