Friedrich Nietzsche e a crítica da subjetividade cartesiana

Autores

DOI:

https://doi.org/10.14393/REVEDFIL.v34n72a2020-59279

Palavras-chave:

Nietzsche, Descartes, Cogito, Idealismo alemão, Heidegger, Modernidade

Resumo

Friedrich Nietzsche e a crítica da subjetividade cartesiana

O nome de Descartes aparece várias vezes nas obras publicadas e nos fragmentos póstumos de Nietzsche. As considerações do filósofo alemão são quase sempre críticas e recuperam, embora com um diferente juízo de valor, a interpretação do pensamento cartesiano fornecida pela tradição idealista. Nesta perspetiva, Descartes é considerado o pai do racionalismo ocidental, o pensador que teria colocado o cogito no centro da representação. A este respeito, analisar criticamente a leitura nietzschiana não significa só questionar a validade da sua interpretação, mas pôr em causa os mesmos cânones da modernidade filosófica.

Palavras-chave: Nietzsche; Descartes; Cogito; Idealismo alemão; Heidegger; Modernidade.

Friedrich Nietzsche et la critique de la subjectivité cartésienne

Résumé: Le nome de Descartes apparait plusieurs fois dans les œuvres publiées et dans les fragments posthumes de Nietzsche. Les considérations du philosophe allemand sont presque toujours critiques et reprennent, même si avec un diffèrent jugement de valeur, l’interprétation de la pensée cartésienne fournie par la tradition idéaliste. Dans cette perspective, Descartes est considéré comme le père du rationalisme occidental, à savoir, le penseur qui aurait placé le cogito au centre de la représentation. À cet égard, analyser de façon critique l’approche de Nietzsche n’implique pas seulement mettre en question la validité de son interprétation, mais aussi remettre en cause les canons de la modernité philosophique.

Mots-clés: Nietzsche; Descartes; Cogito; Modernité.

Friedrich Nietzsche e the criticism of Cartesian subjectivity

 Abstract: Descartes’ name appears several times in Nietzsche’s published works and in his posthumous fragments. The considerations of the German philosopher are almost always critical and resume, although with a different value of judgement, the interpretation of Cartesian thought provided by Idealistic tradition. In this perspective, Descartes is considered as the father of Western Rationalism, namely, the author that would place the cogito at the center of representation. In this regard, to critically analyzing Nietzschean approach toward Descartes it does not only imply to questioning the validity of his interpretation, but also to questioning the very same canons of philosophical modernity.

Keywords: Nietzsche; Descartes; Cogito; Modernity.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Alfredo Gatto, Universidade Vita-Salute San Raffaele (Milão, Lombardia, Itália)

Doutor em Filosofia e Ciência Cognitiva pela  Universidade Vita-Salute San Raffaele (Milão, Lombardia, Itália). Professor e Pesquisador na Faculdade de Filosofia da Universidade Vita-Salute San Raffaele. E-mail: gatto.alfredo@unisr.it. ORCID: https://orcid.org/0000-0001-6326-7675.

Referências

ALQUIÉ, Ferdinand. Leçons sur Descartes. Science et métaphysique chez Descartes. Paris: Éditions de la Table Ronde, 2005.

DE BIASE, Riccardo. L’interpretazione heideggeriana di Descartes. Origini e problemi. Nápoles: Guida, 2005.

BLUMENBERG, Hans. Die Legitimität der Neuzeit. Frankfurt am Main: Suhrkamp, 1974.

DESCARTES, René. Œuvres de Descartes, 11 vols.. Ed. ADAM, Charles; TANNERY, Paul; nova apres. BEAUDE, Joseph; COSTABEL, Pierre;

GABBEY, Alan; ROCHOT, Bernard (1964-1974). Paris: Vrin, 1996.

HEGEL, Georg Wilhelm Friedrich. Vorlesungen über die Geschichte der Philosophie III, b.20. Frankfurt am Main: Suhrkamp, 1986. https://doi.org/10.28937/978-3-7873-2537-5

HEIDEGGER, Martin. Nietzsche, vol. II. Trad. CASANOVA, Marco Antonio. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2007.

GREGORY, Tullio. Dio ingannatore e genio maligno. Note in margine alle Meditationes di Descartes. Giornale Critico della Filosofia Italiana, 53, p. 477-516, 1974.

ITAPARICA, André Luis Mota. Crítica à modernidade e conceito de subjetividade em Nietzsche. Estudos Nietzsche, Curitiba, v.2, n.1, p. 59-78, 2011. https://doi.org/10.7213/ren.v2i1.22592

JANOWSKI, Zbigniew. Cartesian Theodicy. Descartes’ Quest for Certitude. Dordrecht-Boston-Londres: Springer, 2000. https://doi.org/10.1007/978-94-010-9144-2

KAMBOUCHNER, Denis. Les Méditations métaphysique de Descartes. Introduction générale: Première Méditation. Paris: Puf, 2005.

LOUKIDELIS, Nikolaos. Quellen von Nietzsches Verständnis und Kritik des cartesischen cogito, ergo sum. Nietzsche-Studien, v.34, n.1, p. 300-309, 2005. https://doi.org/10.1515/9783110182620.300

MARION, Jean-Luc. Sur le prisme métaphysique de Descartes. Constitution et limites de l’onto-théo-logie dans la pensée cartésienne. Paris: Puf, 1986.

MARION, Jean-Luc. L’altérité originaire de l’ego. In:_______. Questions cartésiennes II. L’ego et Dieu. Paris: Puf, 1996. p. 3-47.

MORANI, Roberto. Soggetto e modernità. Hegel, Nietzsche, Heidegger interpreti di Cartesio. Milão: Franco Angeli, 2007.

NADLER, Steven. The Best of All Possible World. A Story of Philosopher, God, and Evil. Princeton: Princeton University Press, 2010.

NIETZSCHE, Friedrich. Frammenti postumi: 1884-1885, vol.VII, t.III. Ed. COLLI, Giorgio; MONTINARI, Mazzino; trad. GIAMETTA, Sossio. Milão: Adelphi, 1975.

NIETZSCHE, Friedrich. Além do Bem e do Mal. Trad. SOUZA, Paulo César de. São Paulo: Companhia das Letras, 1992.

NIETZSCHE, Friedrich. A Gaia Ciência. Trad. SOUZA, Paulo César de. São Paulo: Companhia das Letras, 2001.

NIETZSCHE, Friedrich. O Anticristo e Ditirambos de Dionísio. Trad. SOUZA, Paulo César de. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.

NIETZSCHE, Friedrich. Assim falou Zaratustra. Um livro para todos e para ninguém. Trad. SOUZA, Paulo César de. São Paulo: Companhia das Letras, 2011.

ONATE, Alberto Marcos. O crepúscolo do sujeito em Nietzsche ou como abrir-se ao filosofar sem metafísica. São Paulo: Editora UNIJUÍ, 2000.

PARMEGGIANI, Marco. El cogito de Descartes en los fragmentos póstumos de Nietzsche. Contrastes. Revista Interdisciplinar de Filosofia, Málaga, v.1, p. 329-342, 1996. https://doi.org/10.24310/Contrastescontrastes.v1i0.1888

SARTRE, Jean-Paul. La liberté cartésienne. In:___. Situations I. Essais Critiques. Paris: Gallimard, 1947. p. 289-308.

SCHELLING, Friedrich Wilhelm Joseph. Schelling. Zur Geschichte der Neueren Philosophie: Münchener Vorlesungen. Berlim: Hofenberg, 2013.

WIENAND, Isabelle. Writing from a First-Person Perspective: Nietzsche’s Use of the Cartesian Model. In: COSTÂNCIO, João; BRANCO, Maria João Mayer; RYAN, Bartholomew (Orgs.). Nietzsche and the Problem of Subjectivity. Berlim: Walter de Gruyter, 2015. p. 49-64.

WILSON, Margaret Dauler. Descartes. Londres-Nova Iorque: Routledge, 1978.

Downloads

Publicado

2021-02-12

Como Citar

GATTO, A. . Friedrich Nietzsche e a crítica da subjetividade cartesiana. Educação e Filosofia, Uberlândia, v. 34, n. 72, p. 1105–1122, 2021. DOI: 10.14393/REVEDFIL.v34n72a2020-59279. Disponível em: https://seer.ufu.br/index.php/EducacaoFilosofia/article/view/59279. Acesso em: 22 nov. 2024.

Edição

Seção

Dossiê A ideia de homem em Descartes