A organização do trabalho escolar e os especialistas da educação
DOI:
https://doi.org/10.14393/REVEDFIL.v10n19a1996-965Palavras-chave:
Educação, Trabalho escolar, Capitalismo, Especialistas da educaçãoResumo
A organização do trabalho escolar ainda é vista por alguns sob o paradigma da organização do trabalho fabril capitalista. Tal abordagem permeou muitos estudos, sobretudo nos anos 80. As analogias envolvendo escola capitalista e empresa capitalista fermentaram a busca de elementos empíricos e teóricos que mostrassem as evidências destes vínculos. Este estudo, nos seus limites, tem como eixo estas mesmas preocupações.
Um dos personagens envolvidos nesta discussão é o chamado “especialista da educação”. Os especialistas são aqueles profissionais formados no curso de Pedagogia nas diferentes Habilitações oferecidas, entre as quais se destacam a Orientação Educacional, a Supervisão Escolar, a Administração Escola e a Inspeção Escolar. O trabalho destes profissionais se dá, basicamente, fora da sala de aula, em atividades de coordenação e assessoria pedagógica a alunos e professores. Apesar de serem profissionais que há muito atuavam nas redes de ensino, foi no período da ditadura militar que os cursos de pedagogia passaram a formá-los generalizadamente, fruto do modelo político-econômico dependente e da pedagogia tecnicista importada dos Estados Unidos, via acordos MEC-USAID.
Este trabalho, síntese da pesquisa com o mesmo nome desenvolvida durante o mestrado, teve como objetivo avaliar a participação dos especialistas da educação na organização do trabalho das escolas públicas, tendo por base as principais críticas ao seu papel. Entre as mais contundentes, estão as que identificam os especialistas como “agentes ideológicos do capital” no meio escolar, o que significa afirmar o seu papel de controladores de alunos e professores. Os alunos ficavam a cargo dos Orientadores Educacionais, que cuidavam dos problemas disciplinares e do encaminhamento profissional. Os Supervisores Escolares eram responsáveis pelo aspecto didático-pedagógico do trabalho desenvolvido pelos professores. Entre os especialistas formados nas habilitações, estes eram os mais comuns nas escolas, pois os Inspetores e Administradores eram cargos de confiança dos políticos no poder, como é ainda hoje em muitos Municípios e Estados do país. Por esse motivo, os Orientadores e Supervisores foram privilegiados neste estudo, juntamente com os professores.
Palavras-chave: Educação; Trabalho escolar; Capitalismo; Especialistas da educação.
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