Corpo comum
DOI:
https://doi.org/10.14393/REVEDFIL.v39a2025-74942Palavras-chave:
Corpo comum, Fernand Deligny, Diferença, Práticas institucionaisResumo
Resumo: Como fazer comum com um outro tão radicalmente outro? Como não se impor ao outro, não assimilá-lo, não dizê-lo de antemão, não incorporar sua diferença em uma dada identidade em nome da adequação, do ajuste, da norma abstrata? É no campo dessa série de perguntas que Fernand Deligny cria um infinitivo crucial para a sua crítica: semblabiliser – algo que poderia ser traduzido como “assemelhar”, isto é, tornar o outro semelhante assimilando-o e fazendo-o assim desaparecer. É o que diferentes práticas “corretivas” ou “impositivas” não cessaram de fazer: o colono branco com o indígena, Itard com o garoto selvagem, o psiquiatra com o desviante, o juiz com o criminoso. Embora haja diferenças nessas práticas, Deligny reconhece que elas funcionam sempre de modo binário e decide tomar partido do lado posto em dúvida, buscando observar a realidade da perspectiva do selvagem, do louco, do delinquente. Diferente de trais prática assemelhadoras, Deligny elabora a ideia de um corpo comum, um organismo vivo e uma instalação artificial, graças ao qual diferentes modos de ser podem coexistir.
Palavras-chave: Corpo Comum; Fernand Deligny; Diferença; Práticas Institucionais.
Cuerpo común
Resumen: ¿Cómo podemos hacer común con alguien tan radicalmente diferente? ¿Cómo no imponernos a los demás, no asimilarlos, no decirlas de antemano, no incorporar sus diferencias a una identidad determinada en nombre de la adecuación, del ajuste, de las normas abstractas? Es en el ámbito de esta serie de preguntas donde Fernand Deligny crea un infinitivo crucial para su crítica: semblabiliser –algo así como “asemejar”, es decir, hacer similar al otro asimilándolo y haciéndolo desaparecer. Esto es lo que no han dejado de hacer distintas prácticas “correctivas” o “impositivas”: el colono blanco con el indígena, Itard con el niño salvaje, el psiquiatra con el desviado, el juez con el criminal. Aunque existen diferencias en estas prácticas, Deligny reconoce que siempre operan de forma binaria y decide tomar partido por el que está en duda, buscando observar la realidad desde la perspectiva del salvaje, del loco, del delincuente. A diferencia de prácticas de asemejamiento, Deligny elabora la idea de un cuerpo común, un organismo vivo y una instalación artificial, gracias a la cual pueden coexistir distintas formas de ser.
Palabras clave: Organismo Común; Fernando Deligny; Diferencia; Prácticas Institucionales.
Common body
Abstract: How can we produce a commonality with an-other who is so radically different? How not to impose oneself on the other, not to assimilate them, not to say it beforehand, not to incorporate their difference into a given identity in the name of adequacy, adjustment, the abstract norm? It is in the field of this series of questions that Fernand Deligny creates a crucial infinitive for his critique: semblabiliser – something like “to “similarise”, that is, to make the other similar by assimilating them and thus making them disappear. This is what different “corrective” or imposing” practices have constantly done: the white colonizer with the Indigenous person, Itard with the wild boy, the psychiatrist with the deviant, the judge with the criminal. Although there are differences in these practices, Deligny recognizes that they always work according to binary forms and decides to take sides with minorities, seeking to observe reality from the perspective of the savage, the madman, the delinquent. Unlike such practices of similarization, Deligny elaborates the idea of a common body, a living organism and an artificial installation, thanks to which different modes of being can coexist.
Keywords: Common Body; Fernand Deligny; Difference; Institutional Practices.
Data de registro: 19/08/2024
Data de aceite: 27/11/2024
Downloads
Referências
CANGUILHEM, Georges. Le normal et patologique. Paris: PUF, 2009.
DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Félix. Como criar para si um corpo sem órgãos. In: DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Félix. Mil Platôs: capitalismo e esquizofrenia. v. 3. Rio de Janeiro: Editora 34, 2004. p. 9-29.
DELIGNY, Fernand. Cahiers de l'immuable/ 2. In: DELIGNY, Fernand. Œuvres, Paris: L’Arachnéen. 2007a, p. 869-943.
DELIGNY, Fernand. Le Croire et le Craindre. In: DELIGNY, Fernand. Œuvres, Paris: L’Arachnéen. 2007b, p. 1.084-1.223.
DELIGNY, Fernand. L e s D é t o u r s de l'agir. In: DELIGNY, Fernand. Œuvres. Paris: L’Arachnéen, 2007c. p. 1.247-1.347.
DELIGNY, Fernand. Nous et l’innocent. In: DELIGNY, Fernand. Œuvres. Paris: L’Arachnéen, 2007d. p. 673-798.
JOSEPH, Isaac. L'innocent efficace. In: L'IMMUABLE, Cahiers; DELIGNY, Fernand. Œuvres. Paris: L’Arachnéen, 2007e. p. 805-868.
MIGUEL, Marlon. Fernand Deligny e as ecologias do humano. Rio de Janeiro: Ed. UFRJ, 2024.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 Marlon Miguel

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License.
Declaração de direitos autorais: Os trabalhos publicados são de propriedade dos seus autores, que poderão dispor deles para posteriores publicações, sempre fazendo constar a edição original (título original, Educação e Filosofia, volume, nº, páginas). Todos os artigos desta revista são de inteira responsabilidade de seus autores, não cabendo qualquer responsabilidade legal sobre seu conteúdo à Revista ou à EDUFU.
Declaration of Copyright: The works published are the property of their authors, who may make use of them for later publications, always citing the original publication (original title, Educação e Filosofia, volume, issue, pages). The authors of the articles published are fully responsible for them; the journal and/or EDUFU are exempt from legal responsibility for their content.
Déclaration de droit d’auteur: Les œuvres publiées sont la propriété de leurs auteurs, qui peuvent les avoir pour publication ultérieure, à condition que l'édition originale soit mentionnée (titre de l'original, Educação e Filosofia, volume, nombre, pages). Tous les articles de cette revue relèvent de la seule responsabilité de leurs auteurs et aucune responsabilité légale quant à son contenu n'incombe au périodique ou à l’EDUFU.
