Vencedores e derrotados no debate dialético de acordo com Aristóteles1
DOI:
https://doi.org/10.14393/REVEDFIL.v38a2024-70334Palavras-chave:
Dialética, Aristóteles, DebateResumo
Em um artigo influente publicado em meados dos anos 80, Jacques Brunschwig defendeu a ideia de que o debate dialético, para Aristóteles, não resultaria em vencedores e derrotados. Sua defesa é baseada no debate dialético como sendo um trabalho comum entre questionador e respondedor (cláusula koinon ergon [cf. Tópicos VIII.11 161a20-21]) e como um tipo de teste de consistência de uma dada proposição (cláusula dia tēn thesis [cf. Tópicos VIII.4 159a20]). Apesar dos muitos méritos do artigo, penso que o argumento de Brunschwig não considera adequadamente aspectos importantes do debate dialético no que concerne à performance dos debatedores, especialmente acerca dos recursos que o questionador deve usar. Ao não considerarmos esses aspectos, temos dificuldades para interpretar passagens em que Aristóteles recomenda o uso de táticas para enganar o respondedor. Meu objetivo nesse artigo será oferecer uma explicação diferente das cláusulas dia tēn thesis e koinon ergon, de modo que isso implicará uma conclusão segundo a qual o debate dialético honesto pode envolver vencedores e derrotados e manter a observância das duas cláusulas.
Palavras-chave: Dialética; Aristóteles; Debate.
Winners and losers in Aristotle’s dialectical debate.
Abstract: In the mid-eighties Jacques Brunschwig published an influential paper of whose main claim consists in a defence of the Aristotelian conception of dialectical debate as a game without winners and losers. His claim is based on the dialectical debate as being a common work between answerer and questioner (koinon ergon clause [cf. Topics VIII.11 161a20-21]) and as a kind of test of the consistency of a given proposition (dia tēn thesis clause [cf. Topics VIII.4 159a20]). Despite its many merits, I think Brunschwig’s argument overlooks important aspects of the dialectical debate concerning the debaters’ performance, especially the resources that should be used by the questioner. By overlooking these aspects, we end up with several troubles to interpret passages in which Aristotle recommends deceptive tactics in the debate. My objective in this paper is to give a different account the dia tēn thesis and the koinon ergon clauses, which will imply a conclusion by which fair dialectical debates can still have winners and losers and observe both clauses.
Key-words: Dialectics; Aristotle; Debate.
Ganadores y perdedores en el debate dialéctico según Aristóteles.
Resumen: En un influyente artículo publicado a mediados de los años 1980, Jacques Brunschwig defendió la idea de que el debate dialéctico, para Aristóteles, no resultaría en ganadores y perdedores. Su defensa se basa en el debate dialéctico como trabajo común entre el que pregunta y el que responde (cláusula koinon ergon [cf. Tópicos VIII.11 161a20-21]) y como una especie de prueba de la consistencia de una proposición dada (cláusula dia tēn thesis [cf. Tópicos VIII.4 159a20]). A pesar de los muchos méritos del artículo, creo que el argumento de Brunschwig no considera adecuadamente aspectos importantes del debate dialéctico con respecto a la actuación de los debatientes, especialmente con respecto a los recursos que debe utilizar el interrogador. Al no considerar estos aspectos, nos resulta difícil interpretar pasajes en los que Aristóteles recomienda el uso de tácticas para engañar al que responde. Mi objetivo en este artículo será ofrecer una explicación diferente de las cláusulas dia tēn thesis y koinon ergon, de modo que esto implique una conclusión de que el debate dialéctico honesto puede involucrar a ganadores y perdedores y mantener la observancia de las dos cláusulas.
Palabras-clave: Dialéctica; Aristóteles; Debate.
1 Pesquisa desenvolvida no âmbito do Edital Universal Nº28/2018 financiada pelo CNPq sob o número 433825/2018-9.
Data de registro: 01/08/2023
Data de aceite: 24/04/2024
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