Ensino de Filosofia e Formação de Opinião na Era Técnica

Autores

DOI:

https://doi.org/10.14393/REVEDFIL.v38a2024-68053

Palavras-chave:

Ensino de Filosofia, Opinião, Conhecimento, Retórica Digital

Resumo

Resumo: Faço aqui um balanço das minhas pesquisas sobre ensino de filosofia. O envolvimento recua às minhas primeiras experiências docentes, quando se fez claro que o conhecimento da tradição filosófica não bastava. Mas apenas em 2009, quando assumi disciplinas de formação de professores na PUC-Rio, é que a pesquisa se formalizou. Eram outros os tempos: a filosofia e a sociologia tornavam-se obrigatórias no ensino médio e a comunidade filosófica brasileira intensificava sua atenção ao campo. Integrei em 2015 a equipe que elaborou as primeiras versões da BNCC. Muita coisa se transformou desde então. A referida obrigatoriedade foi revogada e ingressamos num período de incerteza política, ademais caracterizado por insignes modificações nos dispositivos de formação de opinião. Investi na retórica – clássica e digital – como elemento de formação docente. Cabia à filosofia evitar que nossos jovens se transformassem simultaneamente em “meros usuários de novas tecnologias” e “cidadãos de segunda classe”. Esse investimento rendeu o livro O Esquecimento de uma Arte: retórica, pedagogia e filosofia no século 21. Agora me volto para a construção de uma “filosofia da opinião”. Assim o exige o presente cenário de negacionismos e polarização política. Em uma frase, este texto resume uma história de busca de lugar curricular efetivamente formativo para a filosofia, sobretudo sintonizado com as presentes demandas.

Palavras-chave: Ensino de Filosofia; Opinião; Conhecimento; Retórica Digital

Teaching Philosophy and Opinion Formation in the Technical Era

Abstract: I present here a balance of my research on philosophy teaching. The involvement goes back to my first teaching experiences when it became clear that knowledge of the philosophical tradition was not enough. But only in 2009, when I took over teacher training courses at PUC-Rio, the research has been formalized. Times were different: Philosophy and Sociology became mandatory in high school, and the Brazilian philosophical community intensified its attention to the field. In 2015 I joined the team that prepared the first versions of the BNCC. A lot has changed since then: Philosophy lost its fixed place in the curriculum, we entered a period of political uncertainty, and significant changes in opinion-forming processes came to light. I invested in rhetoric – classical and digital – as an element of teacher training. It was up to Philosophy to prevent our young people from becoming simultaneously “mere users of new technologies” and “second-class citizens.” This investment yielded the book The Oblivious of an Art: Rhetoric, Pedagogy, and Philosophy in the 21st Century. Now I focus on constructing a “philosophy of opinion,” as required by the present denialism and political polarization scenario. In short, this text summarizes the history of a search for an effectively formative curricular place for Philosophy, above all in tune with the present demands.

Keywords: Teaching Philosophy; Opinion; Knowledge; Digital Rhetoric

Enseñanza de la Filosofía y Formación de Opinión en la Era Técnica

Resumen: Presento aquí un balance de mi investigación sobre la enseñanza de la filosofía. La implicación se remonta a mis primeras experiencias docentes, cuando quedó claro que el conocimiento de la tradición filosófica no era suficiente. Pero fue recién en 2009, cuando asumí los cursos de formación docente en la PUC-Rio, que se formalizó la investigación. Los tiempos eran otros: la Filosofía y la Sociología se volvieron obligatorias en la escuela secundaria y la comunidad filosófica brasileña intensificó su atención al campo. En 2015 me incorporé al equipo que elaboró ​​las primeras versiones de la BNCC. Mucho ha cambiado desde entonces. La obligación antes mencionada fue revocada y entramos en un período de incertidumbre política, que también se caracterizó por cambios significativos en los dispositivos de formación de opinión. Invertí en la retórica, clásica y digital, como elemento de formación docente. Correspondía a la Filosofía evitar que nuestros jóvenes se convirtieran simultáneamente en “meros usuarios de las nuevas tecnologías” y “ciudadanos de segunda”. Esta inversión dio como resultado el libro O Esquecimento de uma Arte: Retórica, Pedagogía y Filosofía en el Siglo 21. Paso ahora a la construcción de una “filosofía de la opinión”. Esto es lo que demanda el actual escenario de negacionismo y polarización política. En suma, este texto resume una historia de la búsqueda de un lugar curricular efectivamente formativo para la Filosofía, sobre todo en sintonía con las demandas actuales.

Palabras clave: Enseñanza de la Filosofía; Opinión; Conocimiento; Retórica Digital

Data de registro: 23/01/2023

Data de aceite: 23/08/2023

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Edgar Lyra, Pontifícia Universidade Católica (PUC)

Doutor em Filosofia em Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). Professor em Pontifícia Universidade Católica (PUC). E-mail: lyranetto@gmail.com. Lattes: http://lattes.cnpq.br/3641926552572579. ORCID: https://orcid.org/0000-0003-3664-3537.

Referências

ARISTÓTELES. Retórica, trad. Manuel Alexandre Júnior. Biblioteca de Autores Clássicos. Lisboa, Imprensa Nacional, 2006.

AVELAR, Marina; BALL, Stephen. Mapping New Philanthropy and the Heterarchical State: the mobilization for the national learning standards in Brazil. International Journal of Educational Development. 2017. DOI: http://dx.doi.org/10.1016/j.ijedudev.2017.09.007.

BOOTH, Wayne. The Rhetoric of RHETORIC – the quest for effective communication. Malden, Blackwell, 2004.

FRODEMAN, Robert (Ed). The Oxford Handbook of Interdisciplinarity. UK, Oxford Press, 2017. https://doi.org/10.1093/oxfordhb/9780198733522.001.0001

BRASIL. Lei n. 11.684, de 2 de junho de 2008. Altera o art. 36 da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir a Filosofia e a Sociologia como disciplinas obrigatórias nos currículos do ensino médio. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2008/lei/l11684.htm. Acesso em: 20 nov. 2022.

BRASIL. Lei 13.415/2017, de 16 de fevereiro de 2017. Altera as Leis n º 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, e 11.494, de 20 de junho 2007, que regulamenta o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação, a Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943, e o Decreto-Lei nº 236, de 28 de fevereiro de 1967; revoga a Lei nº 11.161, de 5 de agosto de 2005; e institui a Política de Fomento à Implementação de Escolas de Ensino Médio em Tempo Integral. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/lei/L13415.htm. Acesso em: 20 nov. 2022.

HEIDEGGER, Martin. Grundbegriffe der Aristotelischen Philosophie. Klostermman, Frankfurt A.M., 2002, GA 18. 2014.

HEIDEGGER, Martin. Basic Concepts of Aristotelian Philosophy. Transl. Robert Metcalf and Mark Tanzer. Indianapolis: Indiana University Press, 2009.

INGRAHAM, Chris. Toward an Algorithmic Rhetoric. In: VERHULSDONCK, Gustav; LIMBU, Marohang (Eds.). Digital Rhetoric and Global Literacies - Communication Modes and Digital Practices in the Networked World, IGI Global, 2014.

LATOUR, Bruno. Ciência em Ação: como seguir cientistas e engenheiros sociedade afora. São Paulo: UNESP, 2012.

LYRA, Edgar. O Esquecimento de uma Arte – retórica, educação e filosofia no século 21. São Paulo, Almedina, 2021.

LYRA, Edgar. Notas sobre a Formação de Professores e ensino de Filosofia no Brasil. O que nos faz pensar, Rio de Janeiro, v. 28, n. 45, p. 320-351, 2019. DOI: https://doi.org/10.32334/oqnfp.2019n45a688.

LYRA, Edgar. Importância e Lugar da Filosofia na era tecnológica. In: DINIZ, Júlio; SCHOLLHAMER, Karl Erik (Orgs.). Humanidades em questão – abordagens e discussões. Rio de Janeiro: Ed. PUC-Rio, 2018.

LYRA, Edgar. Contribuição da Retórica para o Ensino de Filosofia. Sofia, Vitória, v. 6, n. 3, p. 94-105, jul./dez. 2017.

BRASIL. BNCC, 2018. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/. Acesso em: 20 nov. 2022.

BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (PCNEM), 2000. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/blegais.pdf. Acesso em: 20 nov. 2022.

BRASIL. PNE, 2014. Disponível em: https://pne.mec.gov.br/; Acesso em: 20 nov. 2022.

VELASCO, Patrícia Del Nero. Filosofar e ensinar a filosofar: registros do GT da ANPOF 2006-2018. Rio de Janeiro, NEFI, 2020.

Downloads

Publicado

2024-09-03

Como Citar

LYRA, E. Ensino de Filosofia e Formação de Opinião na Era Técnica. Educação e Filosofia, Uberlândia, v. 38, p. 1–20, 2024. DOI: 10.14393/REVEDFIL.v38a2024-68053. Disponível em: https://seer.ufu.br/index.php/EducacaoFilosofia/article/view/68053. Acesso em: 6 out. 2024.

Edição

Seção

Dossiê As pesquisas sobre o Ensino de Filosofia no Brasil: perspectivas históricas sobre o campo