Da vida à morte à vida: a linguagem é a ponte

Reflexões acerca do ato de escrever

Autores

  • Maria Rosa Rodrigues Martins de Camargo Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho"

DOI:

https://doi.org/10.14393/REVEDFIL.issn.0102-6801.v30n60a2016-p669a684

Palavras-chave:

Linguagem, Escrita, Leitura, Experiência

Resumo

Resumo: Este trabalho traz reflexões acerca do ato de escrever, numa perspectiva de invenção contextualizada em situações de fronteira entre a vida e a morte, configurando potente exercício de si, por um grupo particular de escritores. Foram utilizadas como material cartas publicadas em livro, escritas por pessoas condenadas à morte, vítimas do nazismo; nelas, percebe-se a consciência da morte iminente e o fato comprovado. O objetivo é aprofundar estudos sobre o ato de escrever, na perspectiva de sua metamorfose e de quem escreve e/ou lê, fundada na autonarração e autointerpretação. Este artigo ancora-se em estudos da linguagem e em reflexões do ato de escrever levantados por quem escreve, que delineia-se pelos assuntos corriqueiros, linguagem singela, quase pura de intenções e um incessante desejo de ser lembrado, pondo em foco um exercício de si. Pela leitura estabelece-se um vínculo fronteiriço e indissolúvel entre a vida, a morte e a vida, trazida pelas formas vivas da linguagem.

Palavras-chave: Linguagem; Escrita; Leitura; Experiência.

 

From life to death to life. The language is the bridge. Reflections about the act of writing

Abstract: This paper presents reflections on the act of writing, in its perspective of invention, contextualized in situations in the border between life and death, setting a powerful exercise about itself by a particular group of writers. It was used as material letters compiled and published in book form, written by people sentenced to death, victims of nazism; on it is the perception of the awareness of imminent death and the proven fact. The objectif is go further in the studies of the act of writing, in the perspective of its metamorphosis and of who writes and/or reads, estabilished on self narration and self interpretation. This article anchors in language studies and reflections on the act of writing raised by the writer, placed by trivial matters, simple language, almost pure intentions and an incessant desire to be remembered, focusing on an exercise of itself. By reading, it seems to set up a bond and indissoluble border between life and death and life brought by the living forms of language.

Keywords: Language; Writing; Reading; Experience.

 

De la vida a la muerte a la vida: el lenguajees el puente. Reflexiones acerca del acto de escribir

Resumen: Este trabajo trae reflexiones acerca del acto de escribir, en una perspectiva de invención, contextualizada en situaciones de frontera entre la vida y la muerte, configurando un potente ejercicio de sí mismo, por un grupo particular de escritores. Material: cartas publicadas en libro, escritas por personas condenadas a muerte, víctimas del nazismo; en ellas, se nota la conciencia de la muerte inminente y el hecho comprobado. Objetivo: profundizar los estudios sobre el acto de escribir, en la perspectiva de su metamorfosis y de quien escribe y/o lee, basada en la auto-narración y auto-interpretación. Análisis: se fundamenta en estudios del lenguaje y en reflexiones del acto de escribir levantados por quien escribe, que se delinean por los asuntos cotidianos, lenguaje simple, casi puro de intenciones y un incesante deseo de ser recordado, poniendo en foco un ejercicio de sí mismo. Por la lectura se establece un vínculo fronterizo e indisoluble entre la vida, la muerte y la vida, traída por las formas vivas del lenguaje.

Palabras clave: Lenguaje; Escritura; Lectura; Experiencia. 

 

Data de registro: 04/11/2013

Data de aceite: 21/09/2016

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Maria Rosa Rodrigues Martins de Camargo, Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho"

Doutora em Educação pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Professora de Didática no Curso de Ciências Biológicas e no Programa de Pós-Graduação em Educação, no Instituto de Biociências da Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho". Livre docente em Didática pela Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho".

Referências

BAJTÍN, M. Hacia una filosofia del acto ético. De los borradores y otros escritos. Tradução do russo por Tatiana Bubnova. Rubí (Barcelona, ES): Anthropos; San Juan: Universidad de Puerto Rico, 1997.

BAKHTIN, M. Os gêneros do discurso. In: ______. Estética da criação verbal. São Paulo: Martins Fontes, 2003. p. 277 – 326.

BENJAMIN, W. Magia e técnica, arte e política. Ensaios sobre literatura e história da cultura. 3. ed., Tradução de Sérgio Paulo Rouanet. São Paulo: Brasiliense, 1987.

COMAS, R. Cartas de condenados a muerte. Víctimas del nazismo. Barcelona: Editorial Laia, 1975. Edição original Lettere di condannati a morte della resistenza europea. 2. ed., Tradução do italiano por Jaume Reig. Einaudi Editore, 1975.

FOUCAULT, M. Ética, sexualidade, política. Organização de Manoel B. Motta. Tradução de. de Elisa Monteiro e Inês A. D. Barbosa. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2006.

LARROSA, J. Narrativa, identidad y desidentificación. In: ______. La experiencia de la lectura. Estudios sobre literatura y formación. Barcelona: Alertes, 1996.

LARROSA, J. Nietzsche & a educação. Belo Horizonte: Autêntica, 2002.

MOREY, M. La prosa del superviviente. In: ______. Pequeñas doctrinas de soledad. Madrid, ES: Sexto Piso España, S.L., 2007.

NIETZSCHE, F. A gaia ciência. Tradução, notas e posfácio de Paulo C. Souza. São Paulo: Companhia das Letras, 2002.

NIETZSCHE, F. Aurora. Tradução, notas e posfácio de Paulo C. Souza. São Paulo: Companhia das Letras, 2004.

RANCIÈRE, J. Políticas da escrita. Tradução de Raquel Ramalhete, Laís Eleonora Vilanova, Lígia Vassalo e Eloísa de Araújo Ribeiro. Rio de Janeiro: Ed. 34, 1995.

Downloads

Publicado

2016-11-16

Como Citar

CAMARGO, M. R. R. M. de. Da vida à morte à vida: a linguagem é a ponte: Reflexões acerca do ato de escrever. Educação e Filosofia, Uberlândia, v. 30, n. 60, p. 669–684, 2016. DOI: 10.14393/REVEDFIL.issn.0102-6801.v30n60a2016-p669a684. Disponível em: https://seer.ufu.br/index.php/EducacaoFilosofia/article/view/24019. Acesso em: 26 jul. 2024.