O arco e a lira
o inaudito na Erótica de Safo
DOI:
https://doi.org/10.14393/REVEDFIL.v9n17a1995-1006Palavras-chave:
Filosofia antiga, Eros, Safo de Lesbos, MulheresResumo
Num estudo organizado por Michelle Perrot, no qual a interrogação sobre a possibilidade de uma história das mulheres é justamente o centro das atenções (e das tensões), a investigação sobre os motivos que levaram “aos habituais silêncios da história”, aqueles que estabeleceram a exclusão transcendental dos trabalhadores, dos marginais e das mulheres articula-se com a busca de compreensão da diferença originária entre os sexos. Sob o tema do silencio, e da aparente segurança a que a ideia remete, precisamente por desdobrar-se no silêncio da reprodução, naquele da infinita repetição das tarefas quotidianas, ou no da divisão sexual do mundo, considerado imóvel, ocultam-se as relações problemáticas a condicionar e designar o lugar do homem e da mulher no mundo da cultura.
Se, por exemplo, no período histórico que nos interessa abordar, o processo de teorização e codificação das diferenças sexuais (por exemplo, a teoria do útero móvel que foi originada em Aristóteles: o embrião, quando nasce à direita, traz à luz um homem, e quando nasce à esquerda, uma mulher, por ser uma posição inferior; o portador da forma era o homem (porque possuía sêmen forte e quente), à mulher cabia o fornecimento da matéria, do suporte corporal (se também tinha sêmen, o seu era fraco e frio) conduziu à supremacia político-cultural do homem, nem por isso devemos desconsiderar o jogo de tensões que se inscrevia nesse quadro, aqui apenas rememorado. Tensões que intervêm nas diversas esferas da vida grega: no tribunal, na agorá, no mercado, no óikos. [...]
Palavras-chave: Filosofia antiga; Eros; Safo de Lesbos; Mulheres.
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