Corpos alterados, corpos ingovernáveis: cartografias ético-estéticas para segurar o céu pelas diferenças
DOI:
https://doi.org/10.14393/REVEDFIL.v33n68a2019-51965Palavras-chave:
Antropoceno, Geontologia, Cartografias da diferença, Formação humanaResumo
Resumo: O artigo desdobra algumas implicações decorrentes de uma análise ficcional em torno das artes neoliberais de governo. Nessa direção, articula os pressupostos das teorias biopolíticas da formação humana agenciadas pela entrada no Antropoceno, a fim de pensar a desabilitação do que Elizabeth Povinelli chama de imaginário do carbono e seus processos de marcação, distinção e desqualificação ontológica. Trata-se, portanto, de um ensaio especulativo produzido em torno do diagnóstico de um desmoronamento catastrófico da distinção fundamental da episteme moderna, a distinção entre as ordens cosmológica e antropológica, sugerindo uma cartografia precária dos corpos ingovernáveis ancorada em uma sutil arte política: a arte de segurar o céu pelas diferenças. Essa arte almeja atravessar o abismo que historicamente separou um povo com filosofia em oposição aos povos com mito, construindo pontes que incitem a Filosofia da educação e seus praticantes a se situarem na equivocidade dos mundos e aí habitar.
Palavras-chave: Antropoceno. Geontologia. Cartografias da diferença. Formação humana.
Altered bodies, ungovernable bodies: ethical-aesthetic cartographies to hold the sky through diferences
Abstract: The article unfolds some implications arising from a fictional analysis around the neoliberal arts of government. In this sense, it articulates the presuppositions of the biopolitical theories of human formation that were introduced by the entry into the Anthropocene, in order to think about the disabling of what Elizabeth Povinelli calls the carbon imaginary and its processes of marking, distinction and ontological disqualification. The argument is a speculative essay produced around the diagnosis of a catastrophic collapse of the fundamental distinction of modern episteme, suggesting a precarious cartography of ungovernable bodies anchored in a subtle political art: art of holding the sky through the differences. This art aims to bridge the chasm that has historically separated a people with philosophy as opposed to people with myth, building bridges that incite the Philosophy of education and its practitioners to lie in the equivocity of worlds and dwell there.
Keywords: Anthropocene. Geontology. Cartographies of the difference. Human formation.
Cuerpos alterados, cuerpos ingobernables: cartografías ético-estéticas para sostener el cielo a través de las diferencias
Resumen: El artículo desarrolla un análisis sobre las artes neoliberales del gobierno. En este sentido, refleja las presuposiciones de las teorías biopolíticas de la formación humana frente a la entrada al Antropoceno, a fin de pensar la desactivación de lo que Elizabeth Povinelli llama el imaginario del carbono y sus procesos de distinción y descalificación ontológica. Es, por lo tanto, un ensayo especulativo producido en torno al diagnóstico de un colapso catastrófico de la distinción fundamental de la episteme moderna, sugiriendo una cartografía de cuerpos ingobernables anclados en un sutil arte político: la arte de sostener el cielo a través de las diferencias. Esta arte tiene como objetivo cerrar el abismo que ha dividido un pueblo con filosofía y un pubelo con mitos, construyendo puentes que inciten a la Filosofía de la educación y a sus practicantes a pararse en la ambigüedad de los mundos y habitar allí.
Palabras clave: Antropoceno. Geontología. Cartografías de la diferencia. Formación humana.
Downloads
Referências
Butler, J. (2003). Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira.
Butler, J. (2017) Relatar a si mesmo: crítica da violência ética. Belo Horizonte: Autêntica Editora.
Costa, A. C. (2016). Virada geo(nto)lógica: reflexões sobre vida e não-vida no Antropoceno. Analógos, 1, 140-150.
Danowski, D., Viveiros de Castro, E. (2014). Há mundo por vir? Ensaio sobre os medos e os fins. Florianópolis: Cultura e Barbárie.
Deleuze, G., Guattari, F. (1995). Mil platôs: capitalismo e esquizofrenia 2. São Paulo: Editora 34.
Diamond, J. (2006). Effondrement. Comment les sociétés décident de leur disparition ou de leur survie. Paris: Gallimard.
Federici, S. (2017). Calibã e a bruxa. São Paulo: Editora Elefante.
Foucault, M. (2008). Segurança, território, população. São Paulo: Martins Fontes.
Foucault, M. (2019). O enigma da revolta. São Paulo: n-1 Edições.
Hara, T. (2012). Ensaios sobre a singularidade. SP: Intermeios; Londrina, Kan Editora.
Haraway, D. (2016). Antropoceno, capitaloceno, plantacionoceno, chthuluceno: generando relaciones de parentesco. Revista Latinoamericada de Estudios Críticos Animales, 3(1), 15-26.
Imabassahy, A. (2019) A arte de segurar o céu pela diferença. Suplemento Pernambuco n. 162, p. 12-15.
Koyama, E. (2003). The transfeminist manifesto. In R. Dicker, & A. Piepmeier (Eds.), Catching a wave: reclaiming feminism for the 21st century (pp. 244-259). Boston: Northeastern University Press.
Krenak, A. (2017). Alianças vivas. Entrevista a Pedro Cesarino. In: Coleção Tembetá. RJ: Azoughe.
Krenak, A. (2019). Ideias para adiar o fim do mundo. SP: Companhia das Letras.
Latour, B. (2013). Investigación sobre los modos de existencia. Buenos Aires: Paidós.
Mbembe, A. (2014). Crítica da razão negra. Lisboa: Antígona.
Mbembe, A. (2016). Necropolítica. Arte & Ensaios, (32), 123-151.
Moore, J. (2015). Capitalism in the web of life. New York: Verso.
Povinelli, E. A. (2001). Radical worlds: the anthropology of incommensurability and inconceivability. Annual Review of Anthropology, 30, 319-334. https://doi.org/10.1146/annurev.anthro.30.1.319
Povinelli, E. A. (2013). As quatro figuras da “sexualidade” nos colonialismos de povoamento. Cadernos Pagu, (41), 11-18. https://doi.org/10.1590/S0104-83332013000200002
Povinelli, E. A. (2016). Geontologies: a requiem to late liberalism. London: Duke University Press. https://doi.org/10.1215/9780822373810
Preciado, B. (2008). Testo yonqui. Madrid: Espasa.
Preciado, B. (2011). Multidões queer: notas para uma política dos “anormais”. Estudos Feministas, 19(1), 11-20. https://doi.org/10.1590/S0104-026X2011000100002
Romandini, F. L. (2013). H. P. Lovecraft: a disjunção do ser. Florianópolis: Cultura e Bárbarie.
Safatle, V. (2017). Governar é fazer desaparecer. Cult. Recuperado de https://revistacult.uol.com.br/home/vladimir-safatle-governar-e-fazer-desaparecer/
Santiago, S. (2017). Genealogia da ferocidade. Recife : Cepe.
Serano, J. (2007). Whipping girl: a transsexual woman on sexism and the scapegoating of femininity. Berkeley: Seal Press.
Silva, C.D.L. (2017). Geofilosofia: imagens do mundo em variação. Ensaios Filosóficos, v. XV, jul, pp. 46-64.
Spargo, T. (2017) Foucault e a teoria queer: orientações pós-seculares. Belo Horizonte. Editora Autêntica.
Starhawk, M.S. (2018). Magia, visão e ação. Revista do Instituto de Estudos Brasileiros, Brasil, n. 69, p. 52-65. https://doi.org/10.11606/issn.2316-901X.v0i69p52-65
Stengers. I. (2015). No tempo das catástrofes. São Paulo: Cosac Naify.
Stengers, I. (2018). Reativar o animismo. Belo Horizonte: Chão de Feira. (Caderno
de Leituras n. 62).
Teixeira, M. A. A. (2015). Metronormatividades nativas: migrações homossexuais e espaços urbanos no Brasil. Áskesis, 4(1), 23-38.
Valentim, M. A. (2014). A sobrenatureza da catástrofe. Revista Landa, 3(1), 3-25.
Valle, L. (2019). Corpos e cartografias da ingovernabilidade na arte e na educação. Marília: Anais do VIII Simpósio Internacional de Educação e Filosofia.
Vieira, P. J. (2011). Mobilidades, migrações e orientações sexuais: percursos em torno das fronteiras reais e imaginárias. Ex Æquo, (24), 45-59.
Viveiros de Castro, E. (2012). “Transformação” na antropologia, transformação da “antropologia”. Mana, 18(1), 151-171. https://doi.org/10.1590/S0104-93132012000100006
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2019 Alexandre Simão de Freitas
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License.
Declaração de direitos autorais: Os trabalhos publicados são de propriedade dos seus autores, que poderão dispor deles para posteriores publicações, sempre fazendo constar a edição original (título original, Educação e Filosofia, volume, nº, páginas). Todos os artigos desta revista são de inteira responsabilidade de seus autores, não cabendo qualquer responsabilidade legal sobre seu conteúdo à Revista ou à EDUFU.
Declaration of Copyright: The works published are the property of their authors, who may make use of them for later publications, always citing the original publication (original title, Educação e Filosofia, volume, issue, pages). The authors of the articles published are fully responsible for them; the journal and/or EDUFU are exempt from legal responsibility for their content.
Déclaration de droit d’auteur: Les œuvres publiées sont la propriété de leurs auteurs, qui peuvent les avoir pour publication ultérieure, à condition que l'édition originale soit mentionnée (titre de l'original, Educação e Filosofia, volume, nombre, pages). Tous les articles de cette revue relèvent de la seule responsabilité de leurs auteurs et aucune responsabilité légale quant à son contenu n'incombe au périodique ou à l’EDUFU.