A ausência da discussão antropológica no contexto Neoliberal: reflexões acerca da educação frente a latência da barbárie

Autores

DOI:

https://doi.org/10.14393/REPOD-v13n3a2024-71715

Palavras-chave:

Neoliberalismo, Barbárie, Educação

Resumo

Na contemporaneidade, renunciou-se às grandes discussões antropológicas acerca do homem. Entende-se que o silêncio produzido em torno destes debates produz um estado de deriva antropológica, no qual assume-se acriticamente as concepções subjacentes à racionalidade neoliberal. Contudo, ao analisar o neosujeito necessário e produzido por essa razão-mundo, identifica-se que ele é predisposto a um estado de barbárie, uma vez que a lógica concorrencial e a atomização do indivíduo tendem a produzir ressentimento e o sofrimento psíquico. A fim de restaurar a homeostasia, os indivíduos contemporâneos podem juntar-se a hordas gregárias unidas libidinalmente a um líder. Diante disso, neste ensaio discorre-se acerca das funções da educação em um contexto contemporâneo no qual, em decorrência de uma ausência de discussão antropológica, flerta-se com a latência da barbárie.

Biografia do Autor

  • Mateus Lorenzon, Universidade de Passo Fundo (Brasil)

    Mestre em Ensino - Universidade do Vale do Taquari. Bolsista da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal em Nível Superior. Universidade de Passo Fundo. Passo Fundo, Rio Grande do Sul, Brasil.

  • Angelo Vitório Cenci, Universidade de Passo Fundo (Brasil)

    Doutorado em Filosofia - Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Professor da Universidade de Passo Fundo. Passo Fundo, Rio Grande do Sul, Brasil.

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Publicado

2024-09-12

Edição

Seção

DEMANDA CONTÍNUA

Como Citar

LORENZON, Mateus; CENCI, Angelo Vitório. A ausência da discussão antropológica no contexto Neoliberal: reflexões acerca da educação frente a latência da barbárie. Revista Educação e Políticas em Debate, [S. l.], v. 13, n. 3, p. 1–20, 2024. DOI: 10.14393/REPOD-v13n3a2024-71715. Disponível em: https://seer.ufu.br/index.php/revistaeducaopoliticas/article/view/71715. Acesso em: 9 maio. 2025.