Feiticeiras, sedutoras e perigosas
A representação do mito da sereia em "A perigosa Yara", de Clarice Lispector, e O Ciclo das Águas, de Moacyr Scliar
DOI:
https://doi.org/10.14393/LL63-v39-2023-21%20Palavras-chave:
Sereia, Feminino, Sedução, A perigosa Yara, O ciclo das águasResumo
Este artigo se propõe a analisar o mito da sereia nas narrativas “A perigosa Yara”, de Clarice Lispector, e O ciclo das águas, de Moacyr Scliar, observando-se aspectos alegóricos e representativos sobre o feminino, a partir das características difundidas pelas concepções judaico-cristãs. Possuindo beleza deslumbrante e canto maravilhoso, a imagem da sereia é associada, tradicionalmente, à sedução e ao encanto, elementos que, dentro de uma perspectiva patriarcalista, são vistos como perigosos, por propiciarem o engano dos homens, levando-os à ruína. No entanto, as sereias de “A perigosa Yara” e de O ciclo das águas podem ser vistas como manifestações de empoderamento, por não serem romantizadas nem se subjugarem aos homens com os quais se relacionam, mostrando-se, assim, como relevante atualização do mito, segundo uma nova perspectiva que compreende o feminino como autônomo e múltiplo em identidades.
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