Literatura infantil
fantasia que constrói realidades
DOI:
https://doi.org/10.14393/REVEDFIL.v10n20a1996-929Palabras clave:
Literatura infantil, Pedagogismo, Infantilismo, Teoria literária, Siegfried SchmidtResumen
A utilização do texto literário para transmitir conselhos sisudos, sem qualquer relação com a vida cotidiana e as necessidades internas da criança, constitui um dos múltiplos obstáculos que, no contexto cultural brasileiro, dificultam o desenvolvimento do gosto pela leitura. A inteligência e o senso crítico do jovem leitor costumam ser desrespeitados pelo pedagogismo - e freqüentemente também pelo infantilismo - de certos textos rotulados como literatura infantil. O problema desses textos é que não correspondem às necessidades específicas da criança, mas apenas traduzem as falsas imagens que os adultos normalmente têm da infância.
Alguns equívocos em relação à literatura produzida para criança relacionam-se ao desconhecimento sobre o psiquismo infantil. Outros se referem à falta de consenso sobre o que se deve entender como funções específicas da linguagem literária. Muitos pais, por exemplo, ignoram que a fantasia e as brincadeiras desempenham um papel importante no desenvolvimento de uma mente saudável que, superando ansiedades, conflitos e medos, aprende a controlar seus impulsos e esperar os momentos adequados para resolver problemas e satisfazer desejos. Confundindo imaginação e fantasia com ilusão e mentira, desconhecem a importância do imaginário na construção do real.
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Este trabalho pretende mostrar que não se pode analisar adequadamente a questão da literatura infantil sem tratar de alguns aspectos teóricos que envolvem a conceituação da obra literária. Se até os anos setenta os estudos literários se fundamentavam na análise da tríade autor-texto-leitor - sempre privilegiando o texto -, nos últimos anos a ênfase em abordagens interdisciplinares criou o contexto propício para teorias que vêm alterando o próprio conceito de literatura. Siegfried Schmidt é um exemplo de pesquisador que tem contribuído para uma reavaliação de pontos essenciais da teoria literária. Fundador do grupo alemão NIKOL2 , Schmidt desenvolve um projeto de pesquisa fundamentado em pressupostos epistemológicos denominados pelo grupo como "construtivismo radical", que postula a necessidade de se tomar a literatura não apenas como texto, mas como um sistema processual.
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Palavras-chave: Literatura infantil; Pedagogismo; Infantilismo; Teoria literária; Siegfried Schmidt.
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