Apresentação do Dossiê Governo das diferenças e as cartografias do ingovernável na educação:
Entre a arte a política1
DOI:
https://doi.org/10.14393/REVEDFIL.v34n70a2020-59227Palabras clave:
Governo das diferenças, Cartografias do ingovernável, Arte, Política, EducaçãoResumen
1 Os artigos reunidos em torno deste título, retratam a segunda parte das discussões ocorridas nas mesas redondas do VIII Simpósio Internacional em Educação e Filosofia, ocorrido de 27 a 29 de agosto de 2019, na UNESP, Campus de Marília/SP. Agradecemos a FAPESP (2019/07882-5), CAPES (PRINT-UNESP 88887.310516/2018-01; PAEP 88881.358867/2019-0) pelo apoio financeiro que nos possibilitou a apresentação dos resultados da proposta.
O presente Dossiê tem como tema o governo das diferenças empreendidos pelas políticas estatais no neoliberalismo, as quais têm repercussão na educação. As reflexões aqui desenvolvidas inserem-se, teoricamente, no debate filosófico contemporâneo da governamentalidade e da biopolítica. Particularmente, interessa debater em que medida os corpos ingovernáveis, denominados por vezes de desviantes ou anormais, estão compreendidos por essas formas de governo atuais ou lhes escapam, tanto singularmente quanto na qualidade de povo ou multidão, afrontando-as e agenciando modos outros de subjetivação, assim como potências da vida ou biopotências para tal. Para isso, esses artigos transitam entre a filosofia da diferença, a arte e a política, explicitando uma crítica contundente ao atual governo das diferenças e explorando cartografias do ingovernável na educação.
A partir das diferenças mapeadas nos corpos singularizado, tais como os corpos das pessoas transgêneras, das deficientes, dos grupos afrodescendentes, dos povos indígenas ou quilombolas, este dossiê busca debater o lugar que ocupam no atual governo das diferenças na biopolítica neoliberal. Entende-se que a violência ou a exceção cometidas contra eles na atual conjuntura, quer seja nos contextos escolares ou em outros espaços sociais, assim como o potencial de resistência que apresentam, ao relatarem situações de abuso e de bullying, compõe uma ampla frente de desafios a serem problematizados pela filosofia da educação. É dessa expressividade e ethos que se ocuparão esses artigos, assim como a reflexão sobre e com eles, com vistas a dar visibilidade a esses modos de existência enquanto uma experiência singular e como um entretecido comum, associado às comunidades LGBTT+, afrodescendentes, deficientes, dentre outras, emergentes das suas lutas transversas em escolas e outras instituições.
Apoiados em referências como as de Michel Foucault, Giorgio Agamben, Hannah Arendt, Jean Luc Nancy, Gilles Deleuze e Félix Guattari, dentre outros, assim, os artigos visibilizam esses corpos ingovernáveis, situando-os no jogo de subjugação e crítica empreendida pelas atuais formas de governamentalidade biopolítica – particularmente, na educação escolar. Ao mesmo tempo, como apresentados abaixo, eles abordam as possibilidades de sua biopotência, de sua capacidade de agenciar eticamente novas formas de inclusão pautadas na criação de novos modos de viver juntos e de vida comum.
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