Editorial
v.2 n.3 jul./dez. 1987
DOI:
https://doi.org/10.14393/REVEDFIL.v2n3a1987-2065Palabras clave:
Editorial, Prática, ComunicaçõesResumen
Recentemente fomos procurados por um professor Departamento de Pedagogia, após a edição do n-1, para dizer que a Revista precisava ser mais prática. Não nos ficou claro o que a pessoa quis dizer com "mais prática", mas aquela proposta persistiu provocando-nos até hoje. Afinal, a proposta inicial da Revista é a que prevalece: refletir nossa verdadeira imagem, nossa face mostrável (apresentável), independente de ser ela mais teórica ou mais prática.
Possivelmente o colega queria referir-se a um periódico onde houvesse mais 'testemunhas" de atividades que propriamente artigos de conteúdo teórico. Em uma investigação nas escolas de 1º grau de Uberlândia, acerca da formação de professor, nas entrevistas às diretoras e nos questionários aplicados aos professores e especialistas em educação aparecia a mesma questão da preponderância da teoria sobre a prática: afirmavam que o professor de 1º grau recebe, na Universidade, muita teoria e pouca prática.
Diante deste quadro e, mais ainda, ao vermos a Revista isto é nº 545, de 3 de junho do ano em curso, referir-se à "Arrancada do na ciência produzia no Brasil" sem que uma linha sequer dissesse respeito às ciências humanas, é de se supor que nestas áreas tenhamos tal grau de produção teórica que nos caberia agora tão somente proceder a sua prática ou que, para tal periódico, as áreas de conhecimento humano não são passiveis de se tomarem científicas.
Na verdade, o que assistimos na escola é: ou uma utilização a crítica de teorias alienígenas ou uma confusão desmedida de aulas expositivas ("teóricas", como aparecem nos diários de classe UFU) tomadas como teorias. E ousamos propor que a formação do professor, no Brasil, não padece de excesso de teoria, mas, ao contrário, de sua falta. E que é exatamente a prática pedagógica sem embasamento teórico seguro uma das razões do fracasso da educação escolar em nosso país.
Por outro lado, o populismo pedagógico é dos responsáveis pela falta de conteúdo, pelo espinaframento inconsequente de tudo quanto instituído em nome, pasme-se, da crítica, o que resulta num aluno (futuro professor) que discorda de tudo sem justificar as discordâncias ou que troca as aulas expositivas de pela pregação político-partidária. É bom frisar: entendemos que a formação do cidadão passe pelo nível político, mas nele não se detém. E ainda entendemos que a competência técnica sem consciência crítica é mero adestramento.
A nossa proposta não exclui a necessidade de se proceder à formulação de comunicações envolvendo a prática pedagógica, mas entendemos ser necessária a elaboração teórica concomitante e simultânea dessa mesma prática para evitarmos praticar apenas sobre reflexões ocorridas em rincões longínquos onde os sujeitos da educação e a própria cultura trabalhada sejam bem distintos daqueles que habitam estas paragens. E é bem verdade que, com isto, não desconsideramos o caráter universal da Ciência, mas também não relegamos a segundo plano a força que exerce sobre o pesquisador sua cultura de origem: vamos teorizar sobre a nossa educação.
Educação e Filosofia n.3 sai com uma seção nova: Comunicações. Ela deverá preencher uma lacuna existente entre nós: não nos inteirarmos do que nossos colegas apresentam em congressos, encontros e similares. Esperamos que tenha surgido para ficar. E renovamos o convite aos nossos colegas professores das redes pública e privada de 1º, 2º e 3º graus, a colaborarem com artigos para a revista.
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