É preciso defender a amizade: provas de vida nas guerras de subjetividade das políticas de inimizade contemporâneas

Autores

DOI:

https://doi.org/10.14393/REVEDFIL.v36n78a2022-66281

Palavras-chave:

Amizade, Ética, Política, Anarquismo, Técnica de Si

Resumo

Resumo: Este artigo homenageia a atualidade do curso A hermenêutica do sujeito, proferido por Foucault no Collège de France em 1982. Sabe-se que o tema central do curso é o cuidado de si como tekhné tou biou, examinado pelo filósofo nos momentos socrático-platônico, helenístico e cristão. Porém tomaremos a questão da amizade, que atravessa as técnicas de si antigas analisadas por Foucault, para problematizar nosso presente. Após discutir a recepção que fazemos do curso quarenta anos depois, discutimos o atual momento do neoliberalismo e as políticas de inimizade por ele engendradas, de modo a pensar a prática da amizade como contraconduta, como prática de resistência. A amizade anarquista como forma de associação é tomada como máquina de guerra possível contra as atuais políticas de inimizade neoliberais.

Palavras-chave: Amizade; Técnicas de Si; Ética; Política; Anarquismo

In defense of friendship: life’s proofs in the subjecvity wars of the contemporary enmity policies

Abstract: This article pays homage to the actuality of the course The hermeneutics of the subject, given by Foucault at the Collège de France in 1982. It is known that the central theme of the course is the care of the self as tekhné tou biou, examined by the philosopher in three moments: Socratic-Platonic, Hellenistic and Christian. However we will take the question of friendship, which crosses the ancient techniques of the self analyzed by Foucault, to problematize our present. After discussing our reception of the course forty years later, we discuss the current moment of neoliberalism and the enmity policies engendered by it, in order to think about the practice of friendship as a counter-conduct, as a practice of resistance. Anarchist friendship as a form of association is taken as a possible war machine against current neoliberal policies of enmity.

Key words: Friendship; Techniques of the Self. Ethics; Politics; Anarchism

En defensa de la amistad: pruebas de vida en las guerras de subjetividad de las políticas de enemistad contemporáneas

Resumen: En este artículo prestamos homenaje a la actualidad del curso La hermenéutica del sujeto, presentado por Foucault en 1982 en el Collège de France. Se sabe que el tema que es el centro del curso ha sido la inquietud de sí como tekhné tou biou, examinada por el filósofo en tres momentos de la antigüedad: el socrático-platónico, el helenístico y el cristiano. Aún así, tomamos la cuestión de la amistad, que es transversal a las técnicas de sí antiguas analizadas por Foucault, para problematizar nuestro tiempo presente. Después de discutir la recepción que nosotros hacemos del curso cuarenta años más tarde, ponemos en debate el momento actual del neoliberalismo y sus políticas de enemistad, de manera a pensar la práctica de la amistad como contra conducta, como práctica de resistencia. Tomamos la amistad anarquista como como forma de asociación como posible maquina de guerra contra las políticas de enemistad neoliberales actuales.

Palabras clave: Amistad; Técnicas de Sí; Ética; Política; Anarquismo

Data de registro: 10/07/2022

Data de aceite: 26/10/2022

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Alexandre Filordi de Carvalho, Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP)

Doutor em Filosofia pela Universidade de São Paulo (USP) e doutor em Educação pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Professor Associado no Departamento de Educação da Universidade Federal de Lavras (UFLA). Bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq - Nível 2. E-mail: afilordi@gmail.com. Lattes: http://lattes.cnpq.br/5589093016557658. ORCID: https://orcid.org/0000-0003-4510-9440.

Silvio Gallo, Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)

Doutor em Educação e livre docência em Filosofia da Educação pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Professor Titular da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq - Nível 1ª. E-mail: silvio.gallo@gmail.com. Lattes: http://lattes.cnpq.br/3808560029763904. ORCID: https://orcid.org/0000-0003-2221-5160.

Referências

ALLIEZ, Eric; LAZZARATO, Maurizio. Guerres et capital. Paris: Éditions Amsterdam, 2016.

BARTHES, Roland. Comment vivre ensemble. Cours et séminaires au Collège de France (1976-1977). Paris: Seuil: IMEC, 2002.

BERARDI, Franco. “O pensamento crítico morreu”. O jornal econômico, [s. l.], 17 jun. 2018. Disponível em: https://jornaleconomico.pt/noticias/franco-berardi-o-pensamento-critico-morreu-321558#.WyvMrbZf3dm. Acesso em: 26 jun. 2022.

BERARDI, Franco. Asesinato masivo y suicidio. Madrid: Akal, 2015.

BERARDI, Franco. Asfixia. Capitalismo financeiro e a insurreição da linguagem. São Paulo: UBU, 2020.

BROWN, Wendy. Nas ruínas do neoliberalismo. A ascensão da política antidemocrática no ocidente. São Paulo: Editora Politéia, 2019.

BUTLER, Judith. Vida precária. Os poderes do luto e da violência. Belo Horizonte: Autêntica, 2019.

CARVALHO, Alexandre Filordi de. Foucault e a função-educador. 3. ed. Amazon: KDP, 2020.

CHAMAYOU, Grégoire. A sociedade ingovernável. Uma genealogia do liberalismo autoritário. São Paulo: Ubu, 2020.

CHAR, René. L’âge cassant. In: CHAR, René. Oeuvres Complètes. Paris: Gallimard, 1983.

DEFERT, Daniel. Uma vida política. São Paulo: N-1, 2021.

DOSSE, François. Amitiés Philosophiques. Paris: Odile Jacob, 2021.

FOUCAULT, Michel. A coragem da verdade. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2011.

FOUCAULT, Michel. A hermenêutica do sujeito. São Paulo: Martins Fontes, 2004.

FOUCAULT, Michel. A sociedade punitiva. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2015.

FOUCAULT, Michel. De l’amitié comme mode de vie. In: FOUCAULT, Michel. Dits et Écrits IV. Paris: Gallimard, 1994a. p. 163-167.

FOUCAULT, Michel. L’origine de l’herméneutique de soi. Confèrences prononcées à Dartmouth College, 1980. Paris: Vrin, 2013.

FOUCAULT, Michel. Michel Foucault, une interview: sexe, povoir et la politique de l’identité. In: FOUCAULT, Michel. Dits et Écrits IV. Paris: Gallimar, 1994b. p. 735-746.

FOUCAULT, Michel. O sujeito e o poder. In: FOUCAULT, Michel. Ditos e Escritos IX. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2014. p. 118-140.

FREIRE, Roberto; BRITO, Fausto. Utopia e paixão: a política do cotidiano. 2. ed. Rio de Janeiro: Rocco, 1984.

GUATTARI, Félix. De la schizoanalyse institutionnelle. [S. l.]: Saint-Germain-la-Blanche-Herbe: Institut Mémoires de l’Édition Contemporaine: GTR 28.14, 1985.

GUATTARI, Felix. Les creches et l’initiation. In: GUATTARI, Felix. La révolution moléculaires. Paris: Les Prairies Ordinaire, 2012. p. 295-301.

HESSEL, Stéphane. Que peut faire la France pour le tiers-monde? Le Monde, [s. l.], 24 mar. 1982. Disponível em: https://www.lemonde.fr/archives/article/1982/03/24/que-peut-faire-la-france-pour-le-tiers-monde_2887401_1819218.html. Acesso em: 4 jul. 2022.

HOSANG, Daniel M.; LOWDENS, Joseph E. Producers, parasites, patriotes. Race and the new right-wing politics of precarity. Minneapolis: University of Minnesota Press, 2019. DOI: https://doi.org/10.5749/j.ctvdjrrcq.

IRRERA, Salvo; VACCARO, Orazio. La pensée politique de Foucault. Paris: Éditions Kimé, 2017. DOI: https://doi.org/10.3917/kime.irrer.2017.01.

KLEIN, Naomi. Não basta dizer não. Resistir à nova política de choque e conquistar o mundo do qual precisamos. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2017.

KLEIN, Naomi. The shock doctrine. The rise of disaster capitalism. New York: Picador, 2007.

LA BOÉTIE, Étienne. Discurso da servidão voluntária. 2. ed. São Paulo: Brasiliense, 1982.

LAGASNERIE, Geoffroy. La dernière leçon de Michel Foucault. Paris: Arthème Fayard, 2012.

LÉVY, Albert; LASKA, Bernd A. Stirner e Nietzsche. Compilação, tradução e organização de Plínio A. Coêlho. São Paulo: Imaginário: Expressão e Arte, 2013.

MALABOU, Catherine. Au voleur! Anarchisme et philosophie. Paris: PUF, 2022.

MBEMBE, Achille. Políticas da inimizade. São Paulo: n-1, 2021.

MONTAIGNE. Ensaios – edição completa. São Paulo: Ed. 34, 2016. DOI: https://doi.org/10.18542/moara.v0i1.2651.

ORTEGA, Francisco. Amizade e estética da existência em Foucault. Rio de Janeiro: Graal, 1999.

PASSETTI, Edson. Éticas dos amigos. Invenções libertárias da vida. São Paulo: Imaginário, 2003.

PIKETTY, Thomas. Mesurer le racisme, vaincre les discriminations. Paris: Seuil Libelle, 2022.

PONTALIS, Jean-Bertrand Lefebvre; LAPLANCHE, Jean. Vocabulário da psicanálise. São Paulo: Martins Fontes, 2016.

ROACH, Tom. Friendship as a way of life. Foucault, AIDS, and the politics of shared estrangement. New York: University of New York Press, 2012.

ROSE, Nikolas. Inventando nossos selfs. Psicologia, poder e subjetividade. Petrópolis: Editora Vozes, 2011.

STANDING, Guy. O precariado. A nova classe perigosa. Belo Horizonte: Autêntica, 2017.

STEGER, Manfred; ROY, Ravi. Neoliberalism: a very short introduction. Hampshire: Oxford Press, 2010. DOI: https://doi.org/10.1093/actrade/9780199560516.001.0001.

STIRNER, Max. O único e sua propriedade. Lisboa: Antígona, 2004.

WADE, Simeon. Foucault en Californie. Un récit inédit. Clamecy: Zones, 2021.

ZUBOFF, Shoshana. The age of surveillance capitalism. The fight for a human future at the new frontier of power. New York: Public Affairs, 2019.

Downloads

Publicado

2023-01-04

Como Citar

CARVALHO, A. F. de; GALLO, S. É preciso defender a amizade: provas de vida nas guerras de subjetividade das políticas de inimizade contemporâneas. Educação e Filosofia, Uberlândia, v. 36, n. 78, p. 1763–1797, 2023. DOI: 10.14393/REVEDFIL.v36n78a2022-66281. Disponível em: https://seer.ufu.br/index.php/EducacaoFilosofia/article/view/66281. Acesso em: 21 nov. 2024.

Edição

Seção

Dossiê "Educação, produção de subjetividade e cuidado de si: a atualidade de 'A hermenêutica do sujeito'"