Apresentação - Dossiê Artes e Oficinas: incursões na filosofia de Deleuze-Guattari

Autores

  • Juliana Soares Bom-Tempo Universidade Federal de Uberlândia (UFU).
  • Humberto Guido Universidade Federal de Uberlândia (UFU).

DOI:

https://doi.org/10.14393/REVEDFIL.v31n63a2017-43114

Palavras-chave:

Dossiê Artes e Oficinas

Resumo

O ano de 2015 marcou os vinte anos da morte de Gilles Deleuze (1925-1995), a data foi celebrada com a realização de eventos promovidos pelos núcleos de pesquisa vinculados à filosofia de Deleuze, cuja obra comporta também os livros escritos em coautoria com Félix Guattari. O Dossiê Artes e Oficinas: incursões na filosofia de Deleuze-Guattari foi concebido no mesmo movimento de discussão do legado do pensamento deleuziano, cujo propósito ultrapassa o ensejo de uma simples homenagem e pretende intensificar as experimentações conceituais para vislumbrar, na criação artística, um disparador de encontros ético-político-estéticos, o que confere ao Dossiê uma abordagem transdisciplinar da filosofia de Deleuze - e também Guattari - com vias a favorecer as interfaces entre a filosofia e as artes, recuperando a junção dos afectos e dos perceptos, tal como foram apresentados pelos autores em muitas dos seus escritos, dentre os quais destacamos Qu'est-ce que la filosophie? (1991).

O motivo dos artigos que compõem o presente Dossiê são as artes, considerando que essas manifestações são abordadas conforme dois eixos: das oficinas de criação e da lógica do sentido; ou seja, a poiética é considerada em sua autonomia na produção de experimentações do pensamento, por isso, não se trata de uma leitura estética, aliás, não é a intepretação das obras de arte que estão em discussão, mas, antes, a possibilidade das artes esgotarem as fixações de sentidos do mundo contemporâneo que instauram a crise nas mais variadas esferas da vida. Deleuze e Guattari vislumbram nas artes uma política menor, pertinente a mobilização dos afectos e dos perceptos graças as mobilizações engendradas pelos signos artísticos. Assim, apostamos na articulação da clínica, da crítica, das artes e da política, tendo em vista a abertura de novos espaços, contribuindo para o aparecimento de práticas de liberação dos fluxos que poderão fazer variar o pensamento.

O que pode ser esperado das oficinas de criação em artes é a invenção de procedimentos diferentes que potencializem os corpos, mobilizando-os para encontrar nos blocos de perceptos e afectos da criação artística o arrancar "o percepto das percepções do objeto, [...], arrancar o afecto das afecções", provocando fluxos de desejo a abrirem a realidade a novos possíveis (DELEUZE; GUATTARI, 1991, p. 217). Os pensadores franceses oferecem uma rica abrangência com relação as artes e que acreditamos estar contemplada nos artigos do Dossiê, a saber, que a filosofia como criação de conceitos está conectada - ousamos dizer: acoplada - ao plano de imanência "que deve ser considerado pré-filosófico" (Ibidem, p. 57), porque a atividade conceitual vislumbra a apreensão de uma realidade não conceitual composta pelas criações artísticas, por isso, os pensadores concluíram afirmando que "o não-filosófico está talvez mais no coração da filosofia do que a própria filosofia".

A aglutinação dos artigos, que apresentaremos a seguir, propõe a composição de zonas de vizinhança entre conceitos da filosofia em conexões com os perceptos e os afectos com relação as artes, não os confundindo com percepções e sentimentos. Ora, longe da ambição do dogmatismo filosófico, aqui a filosofia é tomada como conceito e devir, permitindo vislumbrar experimentações do pensamento, no encontro com o seu fora, ao entrar na composição de um plano de imanência, que poderá ser construído junto às criações artísticas. As escritas reunias neste Dossiê se processam em meio a produção de um pensar teórico-poiético a partir das artes e das oficinas, traçando divergências convergentes com a filosofia da diferença. [...]

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Biografia do Autor

  • Juliana Soares Bom-Tempo, Universidade Federal de Uberlândia (UFU).
    Doutora em Educação pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Professora do curso de Dança e do Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas (PPGAC) da Universidade Federal de Uberlândia (UFU).
  • Humberto Guido, Universidade Federal de Uberlândia (UFU).
    Doutor em Educação pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Professor do curso de Filosofia, do Programa de Pós-Graduação em Filosofia (PPGFIL) e do Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGED) da Universidade Federal de Uberlândia (UFU). 

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Publicado

2018-12-31

Edição

Seção

Dossiê Artes e Oficinas: incursões na filosofia de Deleuze-Guattari

Como Citar

Apresentação - Dossiê Artes e Oficinas: incursões na filosofia de Deleuze-Guattari. Educação e Filosofia, Uberlândia, v. 31, n. 63, p. 1525–1537, 2018. DOI: 10.14393/REVEDFIL.v31n63a2017-43114. Disponível em: https://seer.ufu.br/index.php/EducacaoFilosofia/article/view/43114. Acesso em: 29 abr. 2025.