Análise retórica de narrativas memorialísticas

Autores

  • Roberta Aline Sbrana Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho"

DOI:

https://doi.org/10.14393/REVEDFIL.issn.0102-6801.v30nEspeciala2016-p329a353

Palavras-chave:

Memória, História (Pesquisa), Aristóteles, Retórica

Resumo

Apoio: FAPESP.

Resumo: Este trabalho tem por objetivo mostrar que as narrativas memorialísticas podem ser investigadas por meio da análise retórica, segundo os parâmetros indicados por Chaïm Perelman e outros pesquisadores pertencentes ao movimento de revisão da filosofia aristotélica. Inicialmente serão apresentados autores que valorizam tais narrativas como fontes relevantes no campo da historiografia, para em seguida discutir os problemas existentes na utilização desse tipo de material em pesquisas destinadas dessa área. Assumindo como válida a contribuição das descrições de natureza autobiográfica, serão indicadas as alternativas disponíveis para investigá-las, ainda segundo a literatura especializada. Por fim, considerando tais alternativas, será argumentado que a análise retórica pode ser incluída no rol das metodologias capazes de estudar narrativas memorialísticas.

Palavras-chave: Memória; História (Pesquisa); Retórica; Aristóteles.

 

Rhetorical analysis of memorialistic narratives

Abstract: This paper aims at demonstrating that memorialistic narratives can be investigated through rhetorical analysis, according to the parameters indicated by Chaïm Perelman and other researchers that belong to the Aristotelian Philosophy revision movement. Initially, authors that value such narratives as relevant sources in the Historiography field will be introduced so as to immediately discuss the issues about the use of this type of material in researches destined to this area. Assuming that the contributions of autobiographical nature are valid, available alternatives to investigate them will be indicated according to specialized literature. Finally, considering such alternatives, one will argue that rhetorical analysis can be included in the range of methodologies capable of studying memorialist.

Keywords: Memory; History (Research); Rhetoric; Aristotle.

 

Análisis retórico de las narrativas memorialísticas

Resumen: Este trabajotiene como objetivo mostrar que las narrativas memorialísticas pueden ser investigadas mediante el análisis retórico de acuerdo com los parametros indicados por Chaïm Perelman y otros investigadores que hacen parte del movimiento de revisión de la filosofia de Aristóteles. Inicialmente se presentarán autores que valoran estas historias como fuentes relevantes em el campo de la historiografia, para encontinuación analizar los problemas existentes em el uso de dicho material em la investigación de esta área. Suponiendo como válida la contribución de las descripciones de la naturaleza autobiográfica, se indicarán las alternativas disponibles para investigar las según la literatura especializada. Por último, teniendo em cuenta estas alternativas se argumentará que el análisis retórico puede ser incluído em la lista de metodologias que permitan estudiar las narrativas memorialisticas.

Palabras clave: Memoria; Historia (Pesquisa); Retorica; Aristóteles.

 

Data de registro: 31/10/2015

Data de aceite: 23/03/2016

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Roberta Aline Sbrana, Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho"

Mestre em Educação pela Universidade de São Paulo (USP). Doutoranda em Educação pela Universidade Estadual Paulista (UNESP)

Referências

ARISTÓTELES. Retórica. Tradução de Edson Bini. São Paulo: EDIPRO, 2011.

ALBERT, Jean-Pierre. Etre soi: écritures ordinaries de l’identité. In: CHAUDRON, Martine; SINGLY, François de (Org.). Identité, lecture, écriture. Paris: Centre Georges Pompinou, Bibliothèque Publique d’Information, 1993.

ALBERTI, Verena. Ouvir e contar textos em história oral. Rio de Janeiro: FGV, 2004.

AMADO, Janaína; FERREIRA, Marieta Moraes. Usos e abusos da história oral. Rio de Janeiro: FGV, 2006.

BENJAMIN, Walter. Obras escolhidas: magia e técnica, arte e política. São Paulo: Brasiliense, 1994.

BERTI, Enrico. As razões de Aristóteles. Tradução Davi Dion Macedo. São Paulo: Loyola, 1998.

BOURDIEU, Pierre. A ilusão biográfi ca. In: AMADO, Janaína; FERREIRA, Moraes Marieta (Org.). Usos e abusos da história oral. 8. ed., Rio de Janeiro: FGV, 2006.

CHAUI, Marilena. Convite à fi losofi a. São Paulo: Ática, 1995.

CHESNEAUX, Jean. Devemos fazer tabula rasa do passado?: sobre a história e os historiadores. Tradução de Marcos da Silva. São Paulo: Ática, 1995.

CUNHA, Marcus Vinicius. Recontextualização e retórica na análise de discursos pedagógicos. In: SOUZA, Rosa Fátima; VALDEMARIN, Vera Teresa (Org.). A cultura escolar em debate: questões conceituais, metodológicas e desafi os para a pesquisa. Campinas: Autores Associados, 2005.

CUNHA, Marcus Vinicius. O conhecimento e a formação humana no pensamento de Aristóteles. In: PAGNI, Pedro Angelo; SILVA, Divino José (Org.). Introdução à filosofia da educação: temas contemporâneos e história. São Paulo: Avercamp, 2007.

CUNHA, Marcus Vinicius. História da educação e retórica: ethos e pathos como meios de prova. In: SILVA, Marilda; VALDEMARIN, Vera Teresa (Org.). Pesquisa em educação: métodos e modos de fazer. São Paulo: Cultura Acadêmica, 2010.

DELGADO, Lucilia de Almeida Neves. História oral: memória, tempo, identidades. 2. ed., Belo Horizonte: Autêntica, 2010.

FERREIRA, Marieta Morais. História do tempo presente: desafi os. Cultura Vozes, Petrópolis, v. 94, n. 3, p. 111-124, 2000.

FRANK, Robert. La mémoire et l’historie. In: VOLDMAN, Danièle. (Org.). La bouche de la vérité? La recherche historique et les sources

orales. Cahiers de I’HTP, 1992. p. 65-72.

FRANÇOIS, Etienne. A fecundidade da história oral. Tradução Luis Alberto Monjardim, Maria Lúcia Leão Velloso de Magalhães, Glória Rodriguez, Maria Carlota C. Gomes. In: AMADO, Janaína; FERREIRA, Moraes Marieta (Org.). Usos e abusos da história oral. Rio de Janeiro: FGV, 2006.

GINZBURG, Carlo. Relações de força: histórica, retórica, prova. Tradução de Jônatas Batista Neto. São Paulo: Companhia das Letras, 2002.

GROSSI, Yonne; FERREIRA, Amauri. Razão narrativa: signifi cado e memória. Revista História Oral, ABHO, São Paulo, v. 4, p. 25-38, Jun. 2001.

GUARINELLO, Norberto Luiz. Memória coletiva e história científi ca. Revista Brasileira de História (ANPUH), São Paulo, v. 14, n. 28, p. 180-193, 1994.

HÜTTENBERGER, Peter. ÜberlegungerzurTheorie der Quellen. In: RUSINEK, Bern-A; ACKERMANN, Volker; ENGELBRECHT, Jörg (Org.). Einführung in die Interpretation historischerQuellen. Shwerpunkt: Neuzeit. Paterborn, Ferdinand Shöning, 1992.

KHOURY, Yara Aun. Muitas histórias, outras memórias: cultura e o sujeito na história. In: FENELON, Déa. Muitas memórias, outras histórias. São Paulo: Olho D’Água, 2000.

LE GOFF, Jacques. História e memória. Tradução de Irene Ferreira, Bernardo Leitão, Suzana Ferreira Borges. 5. ed. Campinas: UNICAMP, 2003.

LEVI, Giovanni. Usos da biografi a. In: AMADO, Janaína; FERREIRA, Marieta Moraes (Org.). Usos e abusos da história oral. Rio de Janeiro: FGV, 2006.

LORIGA, Sabina. A biografi a como problema. In: REVEL, Jacques (Org.). Jogos de escalas: a experiência da microanálise. Rio de Janeiro: FGV, 1998.

MAIA, Andréa Casanova; ARRUDA, Rogério. Nos trilhos do tempo: memória da ferrovia em Pedro Leopoldo. Belo Horizonte: Maza, 2003.

MEYER, Michel. Aristóteles ou a retórica das paixões. In: ARISTÓTELES. Retórica das paixões. 2. ed., Tradução de Isis Borges B. da Fonseca. São Paulo: Martins Fontes, 2003.

MOMIGLIANO, Arnaldo. Lo Sviluppo della biografi a greca. Torino, 1974.

MOMIGLIANO, Arnaldo. Storicismo rivisitato. In: ______. Fondamenti della storicismo antica. Torino, 1984.

NUNES, Clarice. As contribuições da sociologia da educação para a pesquisa histórica. In: PAIXÃO, Lea Pinheiro; ZAGO, Nadir. (Org.). Sociologia da educação: pesquisa e realidade brasileira. 2. ed., Petrópolis: 2011.

PERELMAN, Chaïm; OLBRECHTS-TYTECA, Lucie. Tratado da argumentação: a nova retórica. Tradução de Maria Ermantina de Almeida Prado Galvão. 2. ed., São Paulo: Martins Fontes, 2005.

PINTO, Pimentel Júlio. Uma memória do mundo: ficção, memória e história em Jorge Luís Borges. São Paulo: Estação Liberdade, 1998.

POULET, Georges. O espaço proustiano. Tradução de Ana Luiza Borralho Martins Costa. Rio de Janeiro: Imago, 1992.

REALE Giovanni. História da fi losofi a antiga. V. 5: Léxico, índices, bibliografi a. 2. ed., Tradução de Henrique C. de Lima Vaz e Marcelo Perine. São Paulo: Loyola, 2001.

REALE Giovanni. História da fi losofi a antiga.V. 2: Platão e Aristóteles. 2. ed., Tradução Henrique C. de Lima Vaz e Marcelo Perine. São Paulo: Loyola, 2002.

RICOUER, Paul. Tempo e narrativa. Tomo III. Tradução Roberto Leal Ferreira. Campinas: Papirus, 1997.

ROBBE-GRILET, Alain. Le miroir qui revient. Paris: Minuit, 1984.

SOUSA, Cynthia Pereira. A evocação da entrada na escola: Relatos autobiográfi cos de professores e professoras. In: BUENO, Belmira Oliveira; CATANI, Denice Barbara; SOUSA, Cynthia Pereira de (Org.). A vida e o ofício dos professores: formação contínua, autobiografi a e pesquisa em colaboração. São Paulo: Escrituras, 1998.

THOMSON, Alistair; FRISCH, Michael; HAMILTON; Paula. Os debates sobre memória e história: alguns aspectos internacionais. In:

AMADO, Janaína; FERREIRA, Marieta Moraes (Orgs.). Usos e abusos da história oral. Rio de Janeiro: FGV, 2006.

TOULMIN, Stephen. Os usos do argumento. Tradução de Reinaldo Guarany. São Paulo: Martins Fontes, 2001.

Downloads

Publicado

2016-11-29

Como Citar

SBRANA, R. A. Análise retórica de narrativas memorialísticas. Educação e Filosofia, Uberlândia, v. 30, n. n.ESP, p. 329–353, 2016. DOI: 10.14393/REVEDFIL.issn.0102-6801.v30nEspeciala2016-p329a353. Disponível em: https://seer.ufu.br/index.php/EducacaoFilosofia/article/view/32094. Acesso em: 26 jul. 2024.

Edição

Seção

Dossiê Retórica e Educação