Avaliação, exames e poderes: a "docimologia" a partir de algumas contribuições de Foucault de Nietzsche

Autores

  • Bruno Gonçalves Borges Departamento de Educação da Universidade Federal de Goiás, Campus Catalão
  • Sérgio Pereira da Silva Departamento de Educação da Universidade Federal de Goiás, Campus Catalão.

DOI:

https://doi.org/10.14393/REVEDFIL.issn.0102-6801.v31n62a2017-p669a694

Palavras-chave:

Individualidade, Poder, Avaliação, Docimologia

Resumo

Avaliação, exames e poderes: a "docimologia" a partir de algumas contribuições de Foucault de Nietzsche

Resumo: Este artigo analisa o tema da avaliação, mais especificamente a "docimologia" como processo avaliativo e axiológico intrínseco a determinada forma de poder ou vontade de poder. Neste sentido, através de Foucault e Nietzsche, procuraremos responder à nossa questão fulcral: o discurso pretensamente "progressista", em torno de um exame agora processual supera ou mantém a dinâmica das avaliações autoritárias e disciplinadoras que apostam no "bem avaliar" como modulação dos sujeitos aos dispositivos, ao mesmo tempo em que age sobre a individualidade de cada um, como a "docimologia" propôs? Induzem, ou castram a criatividade, a liberdade e a vontade de aprender no educando? Procuraremos comprovar nossa hipótese de que a pedagogia forjou a ideia de "avaliação processual", também chamada de "avaliação dinâmica" ou "avaliação diagnóstica", como sendo um "avanço" ou "progresso" nas práticas avaliativas. Entretanto, essas práticas ainda correspondem ao clássico dispositivo do exame "contínuo" dos indivíduos, mas com outra roupagem.

Palavras chave: Docimologia; Avaliação; Poder; Individualidade.

Evaluation, exams and powers: the "docimology" from some Foucault and Nietzsche's contributions

Abstract: This article analyzes the evaluation issue, specifically the "docimology" as an evaluative process and set of values intrinsic to a particular form of power or will power. In this sense, through Foucault and Nietzsche, we respond to our central issue: the allegedly "progressive" speech, around a procedural and dynamic examination, exceeds, or maintain, the dynamics of authoritarian and disciplinarian ratings betting on "good review" as modulation of the subject devices, while acting on the individuality of each person, such as ""docimology"" proposed? Induce, or castrate, creativity, freedom and willingness to learn in educating? We will try to prove our hypothesis that pedagogy forged the idea of "process evaluation," also called "dynamic assessment" or "diagnostic evaluation" as a "breakthrough" or "progress" in assessment practices. However, in fact, it was also based on the students "continuous' test" in schools, but with another guise.

Keywords: Docimology; Evaluation; Power; Individuality.

Evaluation, examens et pouvoirs: la "docimologie" de certaines contributions de Foucault et de Nietzsche

Résumé: Cet article analyse l'évaluation du sujet, en particulier la «docimologie » comme processus d'évaluation et de valeurs intrinsèques à une forme particulière de pouvoir ou de volonté de pouvoir. En ce sens, par Foucault et Nietzsche, nous cherchons de répondre à notre question centrale: le discours prétendument « progressiste » autour d'un examen maintenant processuel dépasser ou de maintenir la dynamique des évaluations autoritaires et disciplinaires qui parient sur le « bien évaluer » comme la modulation des sujets aux dispositifs, en agissant en même temps sur l'individualité de chacun, comme le proposait la "docimologie"? Induisent-ils ou castrent-ils la créativité, la liberté et la volonté d'apprendre chez l'étudiant? Nous chercherons de prouver notre hypothèse que la pédagogie a forgé l'idée d '«évaluation de processus», aussi appelée «évaluation dynamique» ou «évaluation diagnostique», comme une «avance» ou un «progrès» dans les pratiques évaluatives. Cependant, ces pratiques correspondent toujours au dispositif classique de l'examen «continu» des individus, mais avec une autre tenue.

Mots-clés: Docimologie; Évaluation; Pouvoir; Individualité. 

Data de registro: 25/08/2015

Data de aceite: 23/03/2016

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Bruno Gonçalves Borges, Departamento de Educação da Universidade Federal de Goiás, Campus Catalão

Professor de Filosofia e Filosofia da Educação do Departamento de Educação da Universidade Federal de Goiás (UFG), Campus Catalão. Mestre e Doutorando em Educação pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU).

Sérgio Pereira da Silva, Departamento de Educação da Universidade Federal de Goiás, Campus Catalão.

Doutor em Educação pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC - SP). Professor de Filosofia e Filosofia da Educação na Universidade Federal de Goiás (UFG), Campus Catalão. 

Referências

ALMEIDA, J. Currículos da Escola Normal Paulista (1846-1920): Revendo uma Trajetória. Revista de Estudos Pedagógicos, v. 76, n. 184, set./dez., 1995. https://doi.org/10.24109/2176-6681.rbep.76i184.1106

AUGRAS, M. In Memoriam - Henri Piéron (1881-1964). Arquivos brasileiros de psicotécnica, v. 17, n. 2, p. 123-124. 1965.

CEREA, A. L'antropologia pedagogica: Ugo Pizzoli e il primo corso di pedagogia scientifica a Crevalcore. Ricerca Idee Salute Mental e Emilia-Romagna. Disponível em: <http://www.risme.provincia.bologna.it/index.html>. Acesso em: Acesso em: 16 jul. 2015.

CONSELHO REGIONAL DE PSICOLOGIA DE SÃO PAULO. Memória da psicologia. Disponível em: <http://www.crpsp.org.br/linha/janela.aspx?id_val=37>. Acesso em: 16 jul. 2015.

FOUCAULT, M. Vigiar e punir. Tradução de Raquel Ramalhete. 42 ed. Petrópolis: Vozes, 2014.

FOUCAULT, M. Microfísica do poder. Tradução de Roberto Machado. 13. ed. Rio de Janeiro: Graal, 1998.

GLORIA, P. J. T. Seria a teoria da evolução darwiniana domínio exclusivo dos biólogos? Implicações da evolução biológica para as ciências humanas, Revista Biologia USP. v. 3, 2009, p. 1-5. https://doi.org/10.7594/revbio.03.01

GUILLAUMIN, J. L'Aspect interpenonnel de la notation: de la docimologie à la doxologie pédagogique. Bulletin de la Societé A. Binet et T. Simon, v. 86, p. 250-275. 1968. https://doi.org/10.1080/00378941.1939.10834175

HOFFMANN, J. Avaliação: Mito & Desafio. São Paulo: Mediação, 2000.

JUIF, P.; DOVERO, F. Guia do estudante de ciências pedagógicas. Lisboa: Editorial Estampa, 1972.

LANDSHEERE, G. Avaliação continua e exames. ______. Noções de "docimologia". Coimbra, Portugal: Livraria Almedina, 1976.

LUCKESI, C. C. Avaliação da aprendizagem escolar. 13. ed. São Paulo: Cortez, 2002.

NIETZSCHE, F. Genealogia da moral - uma polêmica. 9. ed. São Paulo: Companhia das Letras/ 2006.

NIETZSCHE, F. O anticristo. Tradução, notas e posfácio Paulo César de Souza. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.

SAUL, A. M. Avaliação emancipatória: desafio a teoria e a pratica da avaliação e reformulação de currículo. São Paulo: Cortez, 2000.

TABA, H. Curriculum development, New York: Harcourt, Brace and World, 1962.

VEIGA, J. E. Evolução darwiniana & ciências sociais. Estudos Avançados. v. 22, n. 63, p. 245-250. 2008. https://doi.org/10.1590/S0103-40142008000200018

Downloads

Publicado

2017-08-30

Como Citar

BORGES, B. G.; SILVA, S. P. da. Avaliação, exames e poderes: a "docimologia" a partir de algumas contribuições de Foucault de Nietzsche. Educação e Filosofia, Uberlândia, v. 31, n. 62, p. 669–693, 2017. DOI: 10.14393/REVEDFIL.issn.0102-6801.v31n62a2017-p669a694. Disponível em: https://seer.ufu.br/index.php/EducacaoFilosofia/article/view/31385. Acesso em: 22 dez. 2024.