GENEROSIDADE E SUBSTANCIALIDADE DA ALMA SEGUNDO DESCARTES
DOI:
https://doi.org/10.14393/REVEDFIL.issn.0102-6801.v25nEspeciala2011-03Palavras-chave:
Descartes. Generosidade. Substancialidade do eu.Resumo
* Tradução de Anselmo Tadeu Ferreira.
** Professora da Universidade de Paris - Sorbonne (Paris IV).
Generosidade e substancialidade da almasegundo Descartes
Resumo:  que é o eu segundo Descartes? Para responder a esta questão é precisolevar em conta não somente as análises a respeito do ego nodesenvolvimento da metafísica cartesiana, mas também as referentes auma segunda consideração sobre o eu que se encontra nos escritos deDescartes, a qual reside nas análises consagradas à generosidade. Se aprimeira consideração deriva da metafísica e se atém ao ego enquantosubstancialmente distinto do corpo, a segunda consideração deriva doque se poderia chamar de a antropologia cartesiana, que Descartes anunciano momento da redação dos Princípios da Filosofia, e da qual se observao desenvolvimento nas Paixões da Alma. Trata-se, nesse caso, de um euque experimenta a si mesmo através de uma paixão, isto é, não comopuro ego, mas no horizonte de sua união bem estreita com o corpo. Estaunião não repõe em causa a distinção, como se diz, pois, por mais estreitaque ela seja, a alma e o corpo estão unidos por unidade de composição enão por unidade de essência. Em vez disso, ela coloca esta distinção à prova, uma vez que o eu se vê por ela ameaçado de ser inserido nodeterminismo material, isto é, em certo sentido, ele se vê ameaçado de"materialização". Ora, é à generosidade que cabe precisamente afirmar adistinção substancial entre a alma e o corpo na relação que a alma mantémcom o corpo, pois é ela que preserva a vontade de uma tal inserção nodeterminismo material. Tal é a ótica que adotaremos aqui na análise da
noção de generosidade. Tratar-se-á aí de estudar a maneira pela qual aantropologia cartesiana renova o tratamento da substancialidade do eu,no seio do pensamento cartesiano.
Palavras-chave: Descartes. Generosidade. Substancialidade do eu.
Résumé: Qu'est-ce que le moi selon Descartes ? La réponse à cette question passepar la prise en compte, non seulement des analyses de l'ego dans lesdéveloppements de sa métaphysique cartésienne, mais aussi de la secondeapproche du moi que l'on rencontre dans les écrits de Descartes, laquelleréside dans les analyses consacrées à la générosité. Si la première approcherelève de la métaphysique et atteint l'ego en tant que substantiellementdistinct du corps, la seconde approche relève de ce qu'on peut appelerl'anthropologie cartésienne, que Descartes annonce au moment de larédaction des Principes de la philosophie, et dont on observe ledéveloppement dans les Passions de l'âme. Il s'agit dans ce cas d'un moiqui s'éprouve lui-même à travers une passion, c'est-à -dire non pas commepur ego, mais dans l'horizon de son union très étroite au corps. Cetteunion ne remet pas en cause la distinction, comme l'on sait, puisqu'aussiétroite soit-elle, l'âme et le corps ne sont unis que par unité de composition,et non par unité d'essence. En revanche, elle met cette distinction à l'épreuve, puisque le moi se voit par elle menacé d'insertion dans ledéterminisme matériel, c'est-à -dire, en un sens, de "matérialisation". Or,c'est à la générosité qu'il revient précisément d'affirmer la distinctionsubstantielle de l'âme et du corps dans le rapport que l'âme entretientavec le corps, parce que c'est elle qui préserve la volonté d'une telleinsertion dans le déterminisme matériel. Telle est l'optique que nousadopterons ici dans l'analyse de la notion de générosité. Il s'agira par là d'étudier la manière dont l'anthropologie cartésienne renouvelle l'approchede la substantialité du moi, au sein de la pensée cartésienne.
Mots clé : Descartes. Générosité. Substantialité du moi.
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