A cor da terra: o lugar dos brancos, negros e indígenas na propriedade agropecuária brasileira

Auteurs-es

DOI :

https://doi.org/10.14393/RCT205978006

Mots-clés :

estrutura fundiária, legislação agrária, mercado de terras

Résumé

O presente artigo propõe a reflexão a respeito do papel que a institucionalidade tem na definição da estrutura produtiva agropecuária atual. No trabalho utiliza-se a dimensão racial para compreender a organização da estrutura fundiária brasileira e, por conseguinte, da distribuição das terras. Outro elemento em discussão é, em que medida o mercado de terras é capaz de modificar uma estrutura conformada pela esfera política. A análise é construída a partir da relação entre legislação agrária brasileira, dados da Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílios PNAD (2015) e dados do Censo Agropecuário de 2017. Concluiu-se que a estrutura de terras existente não provém de uma concentração gerada pelo mercado de terras, ao contrário, provém de uma institucionalidade muito anterior. Cabe concluir que a presente desigualdade somente pode ser resolvida por meio de uma reforma agrária que considere o fator cor dos beneficiados como um dos elementos fundamentais.

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Biographies de l'auteur-e

  • Alex Alexandre Mengel, Universidade Federal do Rio Grande do Sul

    Professor Adjunto na UFRGS - Campus Litoral Norte - Departamento Interdisciplinar. Professor do Programa de Pós Graduação em Dinâmicas Regionais e Desenvolvimento (PGDREDES-UFRGS). Doutor em Ciências Sociais pelo Programa de Pós-Graduação de Ciências Sociais em Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade, da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro - CPDA/UFRRJ (Bolsista CNPq), com estágio de doutorado pelo Rural Sociology Group da Wageningen University (Holanda) (projeto CAPES/NUFFIC). Mestre em Ciências Sociais pelo Programa de Pós-Graduação de Ciências Sociais em Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade, da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro - CPDA/UFRRJ (Bolsista CNPq). Graduado em Agronomia pela Universidade Federal de Santa Maria - UFSM.

  • Silvia Lima de Aquino, Universidade Federal do Rio Grande do Sul

    Socióloga, professora da UFRGS - Campus Litoral Norte, no Departamento Interdisciplinar. Doutora em Ciências Sociais pelo Programa de Pós-Graduação de Ciências Sociais em Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro - CPDA/UFRRJ, com Doutorado Sanduíche no Centro de Investigação em Ciências Sociais da Universidade do Minho (Portugal). Foi bolsista de doutorado CAPES e FAPERJ Nota 10. É também Mestre em Ciências Sociais pelo Programa de Pós-Graduação de Ciências Sociais em Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro - CPDA/UFRRJ (Bolsista CNPq), especialista em Literatura, Memória Cultural e Sociedade pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Fluminense (Bolsista de extensão), graduada em Ciências Sociais (bacharelado) pela Universidade Estadual do Norte Fluminense (Bolsista FAPERJ e CAPES/PIBIC) e graduada em Geografia (licenciatura) pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Fluminense.

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Publié

2025-11-28

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MENGEL, Alex Alexandre; AQUINO, Silvia Lima de. A cor da terra: o lugar dos brancos, negros e indígenas na propriedade agropecuária brasileira. Revista Campo-Território, Uberlândia, v. 20, n. 59, p. 195–220, 2025. DOI: 10.14393/RCT205978006. Disponível em: https://seer.ufu.br/index.php/campoterritorio/article/view/78006. Acesso em: 5 déc. 2025.