A cor da terra: o lugar dos brancos, negros e indígenas na propriedade agropecuária brasileira
DOI:
https://doi.org/10.14393/RCT205978006Palavras-chave:
estrutura fundiária, legislação agrária, mercado de terrasResumo
O presente artigo propõe a reflexão a respeito do papel que a institucionalidade tem na definição da estrutura produtiva agropecuária atual. No trabalho utiliza-se a dimensão racial para compreender a organização da estrutura fundiária brasileira e, por conseguinte, da distribuição das terras. Outro elemento em discussão é, em que medida o mercado de terras é capaz de modificar uma estrutura conformada pela esfera política. A análise é construída a partir da relação entre legislação agrária brasileira, dados da Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílios PNAD (2015) e dados do Censo Agropecuário de 2017. Concluiu-se que a estrutura de terras existente não provém de uma concentração gerada pelo mercado de terras, ao contrário, provém de uma institucionalidade muito anterior. Cabe concluir que a presente desigualdade somente pode ser resolvida por meio de uma reforma agrária que considere o fator cor dos beneficiados como um dos elementos fundamentais.
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