Revisitando o conceito de território vis à vis à expansão da fronteira agrícola no Cerrado piauiense
o caso de Uruçuí
DOI:
https://doi.org/10.14393/RCT132909Resumo
Recentemente, a reestruturação produtiva da agricultura no cerrado piauiense, caracterizada pela mordenização e mercantilização da terra e marcada por profundas transformações nas relações de trabalho, nas paisagens, na posse e uso da terra e nas coletividades, explicta dialeticamente a complexidade das inter-relações que envolvem o fenômeno de expansão da fronteira agrícola. Embasado no debate teórico e conceitual sobre território, este artigo pretende analisar criticamente o processo de incorporação de Uruçuí para o agronegócio, posto ser município pioneiro em abrigar empreendimentos graníferos no cerrado piauiense, a partir dos anos 1970. Após a revisão bibliográfica, concluiu-se que, apesar de Uruçuí possuir características naturais de clima, hidrografia e topografia favoráveis à instalação do agronegócio, foi sobretudo a partir das relações de poder entre Estado e agentes do capital que ocorreu a difusão da nova engenharia agrícola nos cerrados, incentivada por isenções fiscais, estímulos à pesquisa científica, infraestrutura e baixo preço da terra, repercutindo inversamente na sustentabilidade da agricultura familiar, o que possiilitou entender o território como resultado da materialidade do processo de relações sociais.