Filosofia da Educação no Brasil

concepções, impasses e desafios para a sua constituição como campo de pesquisa e o seu ensino nas duas últimas décadas

Autores/as

  • Pedro Angelo Pagni Universidade Estadual Paulista (UNESP)

DOI:

https://doi.org/10.14393/REVEDFIL.issn.0102-6801.v28n56a2014-p773-808

Palabras clave:

Campo de pesquisa, Ensino, Filosofia da Educação no Brasil, Formação humana

Resumen

Resumo: Este artigo aborda a constituição do campo da Filosofia da Educação no Brasil, de 1990 até de hoje, com o objetivo de analisar a genealogia de sua "crise" como disciplina, de discutir os impasses de seu desenvolvimento e de indicar os seus principais desafios na atualidade. Para tais propósitos, por intermédio de um método genealógico, analisamos as concepções de Filosofia da Educação elaboradas a partir das perspectivas teóricas em circulação, assim como reconstruímos historicamente os embates provocados sobre determinados temas e, particularmente, sobre o da formação humana. Concluímos que os deslocamentos temáticos produzidos e a proliferação daquelas perspectivas foram responsáveis por produzir terrenos para a interlocução entre elas, porém, tal estratégia não amenizou alguns impasses da Filosofia da Educação no Brasil, evidenciando a presença de duas tradições filosóficas no debate atual e exigindo um posicionamento daqueles que atuam nesse campo de pesquisa e de ensino em relação a elas.

Palavras-chave: Campo de pesquisa; Ensino; Filosofia da Educação no Brasil; Formação humana.

 

Abstract: This article analyses the constitutions of the Philosophy of Education's field in Brazil, from 1990 to the present day, with the purpose of analyzing the genealogy of his "crisis" as a discipline, discussing the dilemmas of its development and to indicate their main challenges today. For such purposes, by means of a genealogical method, we analyze the conceptions of philosophy of education drawn from the theoretical perspective, as well as rebuild historically the clashes caused about certain topics and, particularly, about the human formation. We conclude that the thematic shifts produced and the proliferation of those perspectives were responsible for producing lands to the dialogue between them, however, this strategy does not alleviate some problems of Philosophy of Education in Brazil, demonstrating the presence of two philosophical traditions in the current debate and demanding position of those who work in this field of research and teaching in relation to them.

Keywords: Research; Teaching; Philosophy of education in Brazil; Human formation.

 

Data de registro: 12/04/2013

Data de aceite: 21/08/2013

Descargas

Los datos de descargas todavía no están disponibles.

Biografía del autor/a

Pedro Angelo Pagni, Universidade Estadual Paulista (UNESP)

Pós-doutor em Filosofia da Educação pela Universidad Complutense de Madrid. Professor Adjunto do Departamento de Administração e Supervisão Escolar – Faculdade de Filosofia e Ciências da Universidade Estadual Paulista (UNESP), Campus de Marília, onde atua na área de Filosofia da Educação. E-mail: pagni@terra.com.br

Citas

ALBUQUERQUE, M. B. B. Filosofia da Educação: uma disciplina entre a dispersão de conteúdo e a ausência de identidade. Perspectiva: Florianópolis, v. 16, n. 29, p. 45-63, jan./jul. 1998.

______.; DIAS, A.S. Quinze anos da Filosofia da Educação na ANPEd: balanços e desafios. Revista Diálogo Educacional. Curitiba, v. 12, n. 35, p. 233-252, jan./abr. 2012.

BANNELL, R. I. Habermas & a Educação. Belo Horizonte: Autêntica, 2006.

BOMBASSARO, L. C. Entre a Epistemologia e a Hermenêutica: a questão da racionalidade e da historicidade do conhecimento e o debate sobre a tese da complementaridade. In: TREVISAN, A. L.; ROSSATTO, N. D. (Org.) Filosofia e Educação: Confluências. Santa Maria: FACOS/UFSM, 2005. p. 183-196.

BOUFLEUER, J. P. Formação de professores para o ensino de filosofia. In: Amarildo Luiz TREVISAN, A. L.; ROSSATO, N. D. (Org.). Filosofia e educação: confluências. Santa Maria: FACOS-UFSM, 2005. p. 147-154. v.1.

______. A docência como testemunho da própria aprendizagem. In: FÁVERO, A.; DALBOSCO, C. A; MARCON, T. (Org.). Sobre filosofia e educação: racionalidade e tolerância. Passo Fundo: Ed. Universidade de Passo Fundo, 2006, p. 365-377. v. 1.

DALBOSCO, C. A. Pedagogia filosófica: cercanias de um diálogo. São Paulo: Paulinas, 2007.

______. Por uma filosofia da educação transformada. In: REUNIÃO ANUAL ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM EDUCAÇÃO. 32., 2009, Caxambu. Trabalhos GT-17. Caxambu, 2009. Disponível em: <http://www.anped.org.br/app/webroot/reunioes/32ra/arquivos/trabalhos/GT17-5336--Int.pdf>. Acesso em: 03 dez. 2012.

FÁVERO, A. A relação entre Epistemologia e Hermenêutica: uma análise a partir de Richard Rorty. In: TREVISAN, A. L.; ROSSATTO, N. D. (Org.). Filosofia e Educação: Confluências. Santa Maria: FACOS/UFSM, 2005. p.183-196.

FLICKINGER, H-G. Para que filosofia da educação? – 11 teses. Perspectiva, Florianópolis, v. 16, n. 29, p. 15-22, jan./jul. 1998.

FREITAS, A. S. O ‘cuidado de si’ como articulador de uma nova relação entre Filosofia, educação e espiritualidade: uma agenda de pesquisa Foucaultiana. In: REUNIÃO ANUAL ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM EDUCAÇÃO. 32., 2009, Caxambu. Trabalhos GT-17. Caxambu, 2009. Disponível em: <http://www.anped.org.br/app/webroot/reunioes/32ra/arquivos/trabalhos/GT17-5142--Int.pdf>. Acesso em: 03 dez. 2012.

GALLO, S. D. O que é filosofia da educação? Anotações a partir de Deleuze. Perspectiva, Florianópolis, v. 18, n. 34, p. 49-68, jan./jul. 2000.

______. Deleuze e a educação. Belo Horizonte: Autêntica, 2003.

______. Modernidade/pós-modernidade: tensões e repercussões na produção de conhecimento em educação. Educação e Pesquisa. São Paulo, v. 32, n. 3, set./dez., p. 551-565, 2006.

______. Filosofia da Educação no Brasil do século XX: da crítica ao conceito. Eccos, São Paulo, v. 9, n. 2, p. 261-284, jul./dez. 2007.

GHIRALDELLI JUNIOR, P. A filosofia Contemporânea e a formação do professor: o “Aufklärer moderno” e o “liberal ironista”. Perspectiva,. Florianópolis, n. 25, p. 95-110, jan./jun. 1998.

______. Richard Rorty: a Filosofia do novo mundo em busca de mundos novos. Petrópolis: Vozes, 1999.

______. Estilos em Filosofia da Educação. Rio de Janeiro: DP&A, 2000a.

______. Filosofia da educação. Rio de Janeiro: DP&A, 2000b.

______. Filosofia da educação e ensino: perspectivas neopragmáticas. Ijuí: UNIJUí, 2000c.

______. O que é filosofia da educação. Rio de Janeiro: DP&A, 2000d.

______. O que é Filosofia da Educação – uma discussão metafilosófica. In: ______. O que é filosofia da educação. Rio de Janeiro: DP&A, 2000e. p. 07-89.

GÖERGEN, P. L A crítica da modernidade e a educação. Pro-posições. Campinas: Unicamp, v. 7, n. 2 [20], p. 5-28, Jul. 1996.

______. Pós-modernidade, ética e educação. São Paulo: Editora Autores Associados, 2001. [Col. Polêmica de nosso tempo].

GONÇALVES, M. A. S. Teoria da ação comunicativa de Habermas: Possibilidades de uma ação educativa de cunho interdisciplinar na escola. Educação & Sociedade. Campinas, ano XX, n. 66, p. 125-138, Abr. 1999.

HERMANN, N. Educação e racionalidade: conexões e possibilidades de uma razão comunicativa na escola. Porto Alegre: EDIPUCRS, 1996.

_______. O pensamento de Habermas. Filosofia, sociedade e educação, Marilia, ano I, n. I, p. 119-140. 1997.

_____. Autocriação e horizonte comum: ensaios sobre educação ético-estética. Ijuí: Unijuí, 2010.

______. Ética e estética: a relação quase esquecida. Porto Alegre: Edipucrs, 2005.

______. Hermenêutica e Educação. Belo Horizonte: Autêntica, 2002.

KOHAN, W. O. Filosofía de la educación: a la busca de nuevos sentidos. Educação e Filosofia, Uberlândia, v. 12, n.24, p. 91-121, jul./dez. 1998.

______. Infância: Entre Educação e Filosofia. Belo Horizonte: Autêntica, 2001.

______. Subjetivação, educação e filosofia. Perspectiva, Florianópolis, v.18, n.34 p.143-158, jul./dez. 2000.

______. Três lições de filosofia da educação. Educação e Sociedade. Campinas, v. 24, n. 82, p.221-228, Abr. 2003.

MORAES, M. C. M. O Renovado conservadorismo da agenda pós-moderna. Cadernos de Pesquisa, São Paulo, v. 34, n. 122, p. 337-357, maio/ago. 2004.

MARKERT, W. Ciência da educação entre modernidade e pós – modernismo. Revista brasileira de estudos pedagógicos. Rio de Janeiro, v. 67, n. 156, p. 306-319. Maio/ago. 1986.

______. Teoria crítica e teoria educacional – Esboço de uma teoria crítica da sociologia da educação na Alemanha. Educação & Sociedade, Campinas, n. 40, p. 403-416, Dez. 1991.

MARQUES, M. O Os paradigmas da educação. Revista brasileira de estudos pedagógicos. Rio de Janeiro, v. 73, n. 175, p. 547-565, set./dez. 1992.

MAZOTTI, T. B. Filosofia da educação: uma outra filosofia? Perspectiva, Florianópolis, v. 17, n. 32, p. 15-32, jul./dez. 1999.

MENDES, D. T. Anotações sobre o pensamento educacional no Brasil. Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos, Brasília, v. 68, n. 160, p. 493-504, 1987.

PAGNI, P. A. O filosofar na arte de educar entre o corpo e a infância: considerações a partir de Adorno e Lyotard. Childhood & Philosophy, Montclair/ Rio de Janeiro, v. 1, n.1, p. 3, mai.2005.

______. Da polêmica sobre a pós-modernidade aos ‘desafios’ lyotardianos à Filosofia da Educação. Educação e Pesquisa. São Paulo: USP, v. 32, n.3, p. 567-588, set./dez. 2006.

______. Entre a modernidade educacional e o modernismo: um ensaio sobre a possibilidade de uma filosofia da educação como arte de superfície. In: SEVERINO, A.J.; ALMEIDA, C.S.; LORIERI, M.A. (Org.) Perspectivas da filosofia da educação. São Paulo: Cortez, 2011a, p. 150-166.

______. O pensar filosófico, os modos de subjetivação e a escola no Brasil. In: GOTO, R.; GALLO, S (Org.). Da filosofia como disciplina: desafios e perspectivas. São Paulo: Loyola, 2011b, p.119-149.

______. Matizes filosófico-educacionais da formação humana. In:______.; BUENO, S. F.; GELAMO, R. P. (Org.). Biopolítica, arte de viver e educação. São Paulo/Marília: Cultura Acadêmica/Oficina Universitária, 2012, p. 30-50.

______. El cuidado ético de sí y las figuras del maestro. Revista de Educación, Madrid: MEC, v. 360, s/n, p. 665-683, ene./avr. 2013.

______.; DALBOSCO, C.A. As produções do GT-17 da ANPEd e o seu papel para o desenvolvimento da Filosofia da Educação no Brasil. In: Histórico. GT-17-Filosofia da Educação. Rio de Janeiro: ANPEd, 2013. Disponível em:<http://www.anped.org.br/internas/ver/historico-GT-17?m=17>. Acesso em: 20 Mar. 2013.

PUCCI, B. Filosofia da Educação: para quê? Perspectiva, Florianópolis, v. 16, n. 29, p. 23-44, jan./jul. 1998.

RORTY, R. Os perigos da sobre-filosoficação (réplica a Arcilla e Nicholson). Filosofia, Sociedade e Educação, Marília, ano I, n. 1, p. 59-68. 1997.

SAVIANI, D. Tendências e correntes da educação brasileira. In: MENDES, D. T. Filosofia da educação brasileira. São Paulo: Civilização Brasileira, 1983.

SEVERINO, A. J. A contribuição da Filosofia da Educação. Em aberto. Brasília, ano 9. n. 45, p. 19-25, jan./mar. 1990.

SEVERINO, A. J. A filosofia da educação no Brasil: esboço de uma trajetória. In: GHIRALDELLI JR, P. O que é filosofia da educação? Rio de Janeiro: Editora DP&A, 2000. p. 265-326.

TOMAZETTI, E. M. Filosofia da educação e formação de professores em algumas universidades brasileiras entre os anos 40 e os anos 60. Perspectiva, Florianópolis, v. 19, n. 2, p. 433-467, jul./dez. 2001

______. Filosofia da Educação: um estudo sobre a história da disciplina no Brasil. Ijuí: Editora Unijuí, 2003.

TREVISAN, A. L. Filosofia da Educação: mímesis e razão comunicativa. Ijuí: Editora UNIJUÍ, 2000.

TREVISAN, A. L. Filosofia da Educação e Formação de Professores no Velho Dilema Entre Teoria e Prática. Educar em Revista, Curitiba, v. 42, p. 195-212, Out./Dez.. 2011.

VALLE, L. A. B. A educação como enigma e como atividade prática-poiética: implicações para o ensino da filosofia da educação. Perspectiva, Florianópolis, v. 18, n. 34, p. 33-46, jan./jul. 2000.

______. Castoriadis: uma filosofia para a educação. Educação e Sociedade. Campinas, v. 29, n. 103, p. 493-513, maio/ago. 2008.

______ ; KOHAN, W. O. Notas para pensar a Filosofia da Educação no Brasil. Educação em Revista. Marília, v.1, n. 5, p. 15-22, jan./jul. 2004.

ZUIN, A. Á. S.; PUCCI, B.; RAMOS-DE-OLIVEIRA, N. Adorno: o poder educativo do pensamento crítico. Petrópolis: Vozes, 2001.

Publicado

2014-09-25

Cómo citar

PAGNI, P. A. Filosofia da Educação no Brasil: concepções, impasses e desafios para a sua constituição como campo de pesquisa e o seu ensino nas duas últimas décadas. Educação e Filosofia, Uberlândia, v. 28, n. 56, p. 773–808, 2014. DOI: 10.14393/REVEDFIL.issn.0102-6801.v28n56a2014-p773-808. Disponível em: https://seer.ufu.br/index.php/EducacaoFilosofia/article/view/22469. Acesso em: 23 nov. 2024.