Resumo
O presente artigo objetiva destacar pontos de uma rede sexo e gênero dissidente formada à luz dos levantes de 2013 no Brasil, com o intuito de evidenciar suas ações diretas de ocupação das ruas naquela década. Estas são compreendidas aqui como práticas estético-políticas que foram estopim para múltiplas formas de contestação política, atuando como táticas de guerrilha através de manifestações performático-artísticas em espaços públicos, ocupação de espaços institucionais e intervenções nos muros das cidades. Tais ações foram promovidas tanto por artistas quanto por não artistas, incluindo os pink blocs, o vídeo ativista Rafucko, a transativista Indianarae Siqueira e o artista Kleper Reis. Em conversa com as concepções de estético-política do Coletivo 28 de Maio (2017), da micropolítica de Guattari e Rolnik (2010), e da contrassexualidade de Preciado (2002), buscamos dar a ver fragmentos de histórias sistematicamente invisibilizadas, entendendo esses gestos de levante como táticas de produção de subjetividades enredadas (Altmayer, 2020).
Referências
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