A universidade é para indígena e quilombola?: reflexões sobre a atualidade da permanência no ensino superior do Brasil
DOI:
https://doi.org/10.14393/REPOD-v14n1a2025-76526Palavras-chave:
Indígenas, Quilombolas, Acesso e permanência no ensino superior, Políticas de Ações AfirmativasResumo
O presente artigo versa sobre os processos de acesso e de permanência de indígenas e quilombolas no ensino superior brasileiro. Pretende levantar reflexões sobre a complexidade envolvida na problemática da inserção dos povos tradicionais nas universidades e destacar os desafios do acesso e da permanência. Para tanto, apresenta uma breve história das políticas públicas de ações afirmativas no ensino superior e uma revisão bibliográfica acerca do processo e de sua presença nas universidades. Destaca-se que, a partir do levantamento bibliográfico realizado, foram encontrados mais trabalhos sobre indígenas na universidade que sobre quilombolas. Nota-se que a linguagem e os currículos configuram obstáculos à democratização da educação e que precisam ser superados. Por fim, defende-se que o Ensino Superior deva garantir a valorização da heterogeneidade dos modos de vida e diversas etnias brasileiras.
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