Dinâmicas culturais e econômicas frente a expansão neocolonial em quilombos da Amazônia marajoara: uma perspectiva do Quilombismo
DOI:
https://doi.org/10.14393/RCT205978530Palavras-chave:
autonomia, epistemologias quilombolas, movimentos de mulheres, Amazônia marajoaraResumo
O presente artigo objetiva caracterizar e analisar os movimentos empregados por quilombolas em face aos projetos neocoloniais implementados no município de Salvaterra (PA). A partir de uma abordagem qualitativa, que combinou revisão bibliográfica, entrevistas semiestruturadas, observação participante e registros em diário de campo, o estudo previamente aprovado pelo comitê de ética em pesquisa, centra-se nas práticas do Núcleo de Ação e Resistência Quilombola Campina/Vila União (NARQ), da comunidade de Campina/Vila União, e do Grupo de Mulheres Sementes do Quilombo, da comunidade de Mangueiras. Os resultados demonstram que esses movimentos podem ser compreendidos como expressões contemporâneas de quilombismo, articulando práticas culturais, econômicas e políticas voltadas à construção de autonomia, fortalecimento comunitário e afirmação identitária. Iniciativas desenvolvidas por esses coletivos, como a Feira Quilombola, o ateliê de vestuário, a Casa de Sementes e atividades educativas e culturais, ressignificam o território como espaço de construção de conhecimentos, afetos e resistências. Conclui-se que, embora enfrentem desafios estruturais, como a ausência de titulação fundiária e a pressão de empreendimentos externos, tais mobilizações configuram-se como projetos políticos alternativos, que enfrentam as permanências da colonialidade e constroem futuros sustentáveis a partir dos saberes ancestrais e da coletividade.
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