O programa de sementes crioulas no âmbito do movimento de mulheres camponesas em Santa Catarina – Brasil
DOI:
https://doi.org/10.14393/RCT143214Resumen
O Movimento de Mulheres Camponesas (MMC), desde o início dos anos 1980 na região oeste de Santa Catarina, foi construindo experiências e práticas alternativas na perspectiva de um Projeto de Agricultura Camponesa, agroecológica e feminista, em conjunto com outras organizações e movimentos autônomos de mulheres do meio rural existentes em outros Estados do Brasil. Este artigo apresenta o Programa de Sementes Crioulas no âmbito do MMC. A questão problema que nos colocamos é: Como as práticas históricas e sociais das mulheres camponesas em movimento condicionam a produção de saberes e de fazeres no MMC no oeste catarinense? Tomamos como referência algumas reflexões sobre a perspectiva materialista da história, em articulação com aportes teóricos de diferentes autores, utilizando a técnica do "círculo epistemológico de cultura". A experiência dessas mulheres mostrou que, nesse processo, elas foram pensando sobre suas realidades, confrontando com outras realidades e elaborando propostas alternativas para a agricultura camponesa, não mais vista apenas como uma forma de produzir no campo, mas como um modo de viver individual e coletivamente, gerando autonomia. Essa outra perspectiva prevê, ali, a possibilidade da diversificação na produção com base na troca, no intercâmbio, na socialização. Os elementos do que produzir, como produzir, quando produzir, para quem produzir, vão sendo demarcados por caminhos abertos, dinâmicos, que se refazem e são ressignificados, ao mesmo tempo em que despertam na própria experiência um novo esperançar.