Verticalidades e horizontalidades na certificação da produção de cacau orgânico no Sul da Bahia
DOI:
https://doi.org/10.14393/RCT153814Resumo
O presente trabalho trata das novas dinâmicas de especialização da produção de cacau no Sul do estado da Bahia. Desde a chamada “crise do cacau”, pôde-se observar a disseminação de novas formas de produção de amêndoas na região, dentre as quais se destaca a produção de cacau orgânico certificado. Tal modelo de produção alinha-se ao fenômeno de descomoditização da produção agrícola, o qual possui como característica a valorização de formas específicas de produção local, o fortalecimento da identidade dos produtores e, no caso do Sul Baiano, se estabeleceu como estratégia para superar a crise vivenciada pela região desde o final da década de 1980. Através de pesquisa empírica, avaliou-se as atividades desenvolvidas pela Cooperativa Cabruca e pela Rede Povos da Mata, organizações que atuam no apoio à produção de cacau orgânico certificado no Sul Baiano. O intuito de analisar aquelas diferentes organizações, foi averiguar em que medida a adoção de modelos distintos de certificação da produção orgânica (a certificação por auditoria e a certificação participativa) possibilita aos agricultores alcançarem maior autonomia econômica e, a região, tornar-se menos subordinada ao mercado de commodities. Finalmente, concluiu-se que apesar dos obstáculos existentes para pequenos e médios produtores obterem a certificação, a construção de articulações locais permitem aos mesmos se inserirem, paulatinamente, nos circuitos espaciais de produtos certificados.