Jovens rurais e seu vínculo com o território
o caso de El Garzal no contexto do conflito armado colombiano
DOI:
https://doi.org/10.14393/RCT122801Resumo
A população rural que habita o distrito de El Garzal, no município de Simití, departamento de Bolívar, Colômbia, sofre há mais de uma década ameaças de expropriação de suas terras por latifundiários e paramilitares. Atualmente, essa comunidade formada, principalmente, por cacauicultores e pescadores artesanais, é reconhecida nacionalmente por ter resistido pacificamente às ameaças. Trata-se neste texto de levantar as estratégias dos jovens dessa região para manter vínculos com sua terra de origem ao mesmo tempo em que redesenham seu projeto de futuro. Toma-se como referencial teórico o conceito de juventude numa perspectiva de classe. Isto implica em observar esta parcela da população para além da ideia de faixa etária. Da mesma forma, recupera-se o conceito de camponês assumindo uma concepção de ordem moral e transcendendo a perspectiva econômica. A metodologia utilizada é qualitativa e a escolha dos casos corresponde a uma amostragem intencional não probabilística no distrito El Garzal e em outros dois municípios que recebem os jovens emigrantes. A coleta de dados foi realizada por meio de observação participante e entrevistas semiestruturadas. Os resultados obtidos evidenciam que El Garzal é um caso inusitado de vínculos com o território. No caso dos jovens, vários estabelecem vínculos que podem ser fortalecidos com questões ambientais e agroecológicas dadas as potencialidades regionais. Porém, ameaças como o aumento de cultivos de uso ilícito, políticas ineficientes para a promoção de atividades agropecuárias lícitas e para atender a substituição geracional podem fazer com que os avanços alcançados pela comunidade sejam perdidos na geração seguinte.