Modernização seletiva da agricultura brasileira e expropriação socioeconômica no campo
DOI:
https://doi.org/10.14393/RCT112411Resumo
O objetivo desse artigo é discutir o processo de modernização seletiva da agricultura brasileira ocorrida nas últimas décadas e algumas das consequentes situações de expropriação socioeconômica no campo, resultado de uma política estatal conservadora e das formas de acumulação capitalista por despossessão/espoliação. A industrialização da agricultura e a emergência de uma agricultura cada vez mais científica e globalizada exigem uma enorme demanda externa de racionalidade e profundas relações do campo com o setor urbano-industrial. A agropecuária torna-se alvo crescente de interesses corporativos e o Estado mantêm sólidas alianças com grandes proprietários de terras, empresas nacionais e transnacionais e com o mercado financeiro para propiciar o modo de acumulação de capital no campo. Nesse processo, arrola-se uma política de desenvolvimento rural que favorece o mercado de terras, a alienação/marginalização dos camponeses, a mobilidade da força de trabalho e a crescente concentração e a centralização do capital, resultando no acirramento das desigualdades sociais e regionais no território brasileiro.