Formação e estilização ortográfica de nomes artísticos de drag queens

questões de identidade linguística e de expressão de gênero

Autores/as

DOI:

https://doi.org/10.14393/Lex5-v3n1a2017-5

Palabras clave:

Identidade linguística, Antropônimos, Processos morfológicos, Estilização ortográfica, Nomes artísticos

Resumen

O principal objetivo deste trabalho é investigar os processos de formação de nomes artísticos de drag queens do estado de Rondônia, observando sua relação com os prenomes desses sujeitos. Como objetivos secundários pretende-se investigar se ocorre estilização ortográfica no processo de adoção dos nomes artísticos. O estudo empreendido é tanto quantitativo quanto qualitativo e se constitui de um corpus de cinco nomes artísticos de artistas drag queens do Estado de Rondônia que se dispuseram a responder a um questionário online disponibilizado na plataforma Google.docs. Procedida à análise, constatamos que a quase totalidade de drag queens que colaboraram com nossa pesquisa tende a adotar nomes artísticos sem identidade morfológica com o prenome e que o processo de formação de nomes utilizado foi a derivação. Constatamos, também, que 80% dos nomes artísticos analisados se enquadram nos padrões usuais do Português Brasileiro e que, destes, 20% são variantes dicionarizadas e 80% apresentam ortografia estilizada pela duplicação de grafema em especial da consoante <l>. Além disso, constatamos a inserção de grafemas como <c> e <h> e o uso dos grafemas <y> e <h> em substituição aos grafemas <i> e <e>, respectivamente. Em relação à funcionalidade de gênero, constatamos que as artistas drag queens participantes da pesquisa marcam, na representação linguística do seu nome artístico, uma unicidade e uma individualidade que distanciam sua performance da sua identidade de gênero e intentam, com essa unicidade e individualidade, atrair a atenção dos seus seguidores.

Descargas

Los datos de descargas todavía no están disponibles.

Biografía del autor/a

Natália Cristine Prado, Fundação Universidade Federal de Rondônia

Doutora em Letras pela UNESP/Araraquara. Professora do Departamento de Letras Vernáculas da Fundação Universidade Federal de Rondônia (UNIR)

Citas

AMARAL, E. T. R. Nomes próprios: análise de antropônimos do espanhol escrito. 2008. 196 f. Tese (Doutorado em Letras) – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2008.

AMARAL, E. T. R. Antropônimos do Português Brasileiro. Alfa, v. 55, n. 1, p. 63-82, São Paulo, 2011.

BECHARA, E. C. Dicionário escola da Academia Brasileira de Letras: língua portuguesa. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2011.

BUTLER, J. P. Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade. Tradução de Renato Aguiar. 2. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, [1990] 2017.

BUTLER, J. P. Corpos que pesam: sobre os limites discursivos do sexo. In: LOURO, G. (org). O corpo educado: Pedagogias da sexualidade. 2. ed. Autêntica. Belo Horizonte, 2000.

BUTLER, J. P. Actos performativos e constituição de género: Um ensaio sobre fenomenologia e teoria feminista. In: MACEDO, A. G.; RAYNER, F. (org.). Gênero, cultura visual e performance: análise crítica. Húmus, 2011.

CAGLIARI, L. C. Alfabetizando sem o bá-bé-bi-bó-bu. São Paulo: Scipione, 1999.

CÂMARA JÚNIOR, J. M. Estrutura da língua portuguesa. 43. ed. Petrópolis: Vozes, [1970] 2011.

CÂMARA JÚNIOR, J. M. Dicionário de Linguística e Gramática. 28. ed. Petrópolis: Vozes, [1997] 2011.

CANDAU, V. M. (org). Sociedade, educação e cultura(s): questões e propostas. Rio de Janeiro: Vozes, 2002.

DUBOIS, J. et al. Dicionário de linguística. 2. ed. São Paulo: Cultrix, [1978] 2014.

GRESPAN, T. Antroponímia de Toledo-Paraná – 1954-2004: aspectos inovadores. Paraná: Universidade Estadual do Oeste do Paraná, 2014.

GUÉRIOS, R. F. M. Dicionário Etimológico de Nomes e Sobrenomes. 2. ed. São Paulo: Ave Maria, 1981.

JESUS, J. G. Orientações sobre identidade de gênero: Conceitos e termos. Brasília, 2012. Disponível em: http://issuu.com/jaquelinejesus/docs/orienta__es_popula__o_trans. Acesso em: 04 ago. 2017.

JESUS. J. G. Transfeminismo: teorias e práticas. 2. ed, Rio de Janeiro: Metanoia, 2015.

LOURO, G. L.; FELIPE, J.; GOELLNER. S. V. Corpo, gênero e sexualidade: um debate contemporâneo na educação. 9. ed. Petrópolis: Vozes, 2017.

MACEDO, N. Z. Análise fonológica de nomes próprios de origem estrangeira e novas criações em Português Brasileiro. 2015. 160 f. Dissertação (Mestrado em Linguística e Língua Portuguesa) – Faculdade de Ciências e Letras de Araraquara, UNESP, Araraquara, 2015.

MASSINI-CAGLIARI, G. Escrita ideográfica e escrita fonográfica. In: MASSINI--CAGLIARI, G.; CAGLIARI, L. C. Diante das letras: a escrita na alfabetização. Campinas: Mercado das Letras, 1999. p. 21-31.

MASSINI-CAGLIARI, G. Adaptação de nomes próprios de origem estrangeira: comparação entre português arcaico e português brasileiro. Estudos linguísticos, São Paulo, v. 40, n. 2, p. 795-807, mai-ago, 2011.

MEXIAS-SIMON, M. L.; OLIVEIRA, A. M. O nome do homem: reflexões em torno dos nomes próprios. Rio de Janeiro: H.P. Comunicações, 2004.

MONTEIRO, J. L. Morfologia portuguesa. 4. ed. Campinas: Pontes, [1986] 2002.

OLIVER, N. Dicionário de nomes: Todos os nomes do Brasil. 4. ed. Rio de Janeiro: BesBolso, 2013.

PASQUES, L. Teorias do escrito na ortografia da Academia. In: CATACH, N. (org.). Para uma teoria da língua. Editora Ática, 1996.

ROCHA, L. C. de A. Estruturas morfológicas do português. 2. ed. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2008.

SILVA, T. T. A produção social da identidade e da diferença. In: SILVA. T. T. (org.) Identidade e Diferença: A perspectiva dos estudos culturais. Petrópolis: Vozes, 2017.

SOUZA, M. D. Variantes ortográficas propriamente ditas. 2006. 163 f. Dissertação (Mestrado em Estudo de Linguagem) – Instituto de Linguagens, Universidade Federal do Mato Grosso, Cuiabá, 2006.

SOUZA, A. C. A recorrência de Anas e de Antônios na formação dos nomes duplos na antroponímia baiana. In: OLIVEIRA, K.; CUNHA E SOUZA, H. F.; GOMES, L. (org.). Novos tons de rosa. Salvador. EDUFBA, 2009. p. 129-141.

SOUZA-e-SILVA, M. C. P.; KOCH, I. V. Linguística aplicada ao Português: morfologia. 18. ed, São Paulo: Cortez, 2014.

TRASK, R. L. Dicionário de linguagem e linguística. Tradução e adaptação de Rodolfo Ilari. São Paulo: Contexto, [2004] 2011.

ZANOTTO, N. Estrutura mórfica de língua portuguesa. 5. ed. Rio de Janeiro: Educs, 2006.

Publicado

2020-03-30

Cómo citar

ALVES DE SOUZA, J. M.; PRADO, N. C. Formação e estilização ortográfica de nomes artísticos de drag queens: questões de identidade linguística e de expressão de gênero. Revista GTLex, Uberlândia, v. 3, n. 1, p. 78–102, 2020. DOI: 10.14393/Lex5-v3n1a2017-5. Disponível em: https://seer.ufu.br/index.php/GTLex/article/view/48883. Acesso em: 24 nov. 2024.

Número

Sección

Artigos