Resumo
O presente estudo investiga o aumento na frequência de eventos catastróficos, como enchentes urbanas, e suas consequências sociais e econômicas. A pesquisa enfatiza que a intensidade e o padrão da precipitação são fatores determinantes no agravamento dos impactos das inundações, especialmente em áreas urbanas vulneráveis. O objetivo geral é avaliar a mancha de inundação causada pela enchente de 2024 em Pelotas, Rio Grande do Sul, por meio do Índice de Concentração da Rugosidade (ICR). O ICR é uma técnica utilizada na geomorfologia para analisar a superfície terrestre, identificando áreas com características homogêneas de relevo, especialmente no que se refere à distribuição da rugosidade. Os objetivos específicos incluem a identificação e caracterização das zonas de maior e menor rugosidade dentro da mancha de inundação, correlacionando-as com sua extensão e profundidade. A metodologia baseou-se na aplicação de técnicas de geoprocessamento em um Sistema de Informação Geográfica (SIG), com a organização de uma base cartográfica detalhada e a extração de dados altimétricos do município. Os resultados mostraram que o ICR é uma ferramenta eficaz para a análise morfométrica do terreno, permitindo identificar padrões de rugosidade que influenciam diretamente o comportamento dos fluxos hídricos durante eventos extremos. Áreas com baixa rugosidade apresentaram maior acúmulo de água, enquanto zonas com elevada rugosidade atuaram como barreiras naturais, influenciando a dispersão e a profundidade da inundação. Conclui-se que a aplicação do ICR pode fornecer subsídios valiosos para o planejamento urbano e a gestão de riscos em áreas suscetíveis a inundações, contribuindo diretamente para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 1, 11 e 13, ao promover cidades mais resilientes e sustentáveis.
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