Resumen
O que pode, em tempos de intensas mudanças climáticas, um coletivo ambientalista que se coloca na tarefa de, junto da luta pelas múltiplas vidas do Cerrado, também experimentar criações imagéticas e escritas? Após um período prolongado de secas e recorrentes queimadas no triângulo mineiro, o Parque do Goiabal, localizado na cidade de Ituiutaba – MG, foi vastamente incendiado. Nesse período, o Coletivo Goiabal Vivo, organização que trabalha pelo cuidado dessa e de outras áreas do bioma Cerrado, agindo em ações educativas, em pesquisas biológicas e divulgação científica, teve intensa atuação. Durante a queimada que afetou o parque, em outubro de 2024, foram registradas fotografias, as quais posteriormente foram revisitadas e experimentadas entre manipulações digitais e escritas poéticas que surgiram em fluxos, dando vazão às memórias e afetos. Objetivou-se criar um arquivo experimental, poético e criativo a partir das marcas que perduraram daquele trágico dia, denunciando o descaso com o parque, as crises ambientais e pensando na força do coletivo perante tais questões e nas potências formativas que surgem nas interfaces entre ciências, artes e educação para articular ações nas relações naturais-culturais.
Referencias
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