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>>> Prazo de submissões: 30/11/2024

V6 N1 (1o. sem/2025) - Dossiê: Arte e Natureza em tempos de mudanças climáticas

(for english, see below) 

As relações entre arte e natureza não são algo recente; no entanto, estão ganhando novos aspectos diante das ameaças climáticas que estamos impondo ao planeta. Desde a antiguidade, a natureza sempre foi geradora de reflexões para os artistas, seja como modelo para a representação mimética, seja como fonte inspiradora em sua potência criadora. Assim como a natureza cria seus seres em uma perspectiva autopoiética e colaborativa, o artista povoa o mundo com seus objetos.

Ao longo da história da arte, encontramos gêneros nos quais a natureza desempenha papel principal, como na pintura de paisagem ou na natureza morta. Estes gêneros geram uma variedade de reflexões que abordam desde questões espirituais e metafísicas até representações virtuosas do ambiente natural. Por muito tempo, natureza e cultura foram concebidas como entidades opostas e excludentes, afastando o homem de seu contexto animal e natural e inserindo-o em uma condição cultural pretensamente racional.

Em uma época em que essa separação não pode mais ser sustentada, dado que a espécie humana interferiu drasticamente no meio ambiente, colocando em risco sua própria sobrevivência, é necessário repensar essas relações. Diversos pensadores contemporâneos como Bruno Latour, Donna Haraway, Viveiros de Castro, Aylton Krenak, Emanuele Coccia, Stefano Mancuso, entre outros, têm discutido criticamente a centralidade prepotente do humano, convocando-nos a propostas mais colaborativas e respeitosas com os não-humanos. Isso não apenas para garantir nossa própria sobrevivência, mas para promover a manutenção da vida neste grande organismo chamado Gaia.

O objetivo deste dossiê é indagar sobre as possibilidades de contribuição da arte para o aumento da consciência ambiental no contexto contemporâneo. Mais do que buscar ilustrações de conceitos externos à produção artística, buscamos discutir as questões engendradas pelos próprios trabalhos artísticos que focalizam as questões ecológicas. De que maneira a produção artística pode refletir sobre a natureza, atualizando suas relações com os gêneros históricos e constituindo poéticas originais que instiguem novos pensamentos e percepções? Como relacionar as ações artísticas ativistas com a potência da contemplação reflexiva sobre o mundo natural, em imbricamentos de aspectos espirituais, históricos, políticos e sociais?

Assim, buscamos neste dossiê publicar artigos e proposições artísticas que ofereçam uma reflexão sobre as crescentes modificações no ambiente feitas pelos humanos, afetando todos os seres para além do humano. Apresentamos a seguir alguns dos temas que pretendemos abordar nesta publicação:

- Novas formas de pensar as relações entre natureza e cultura, não como dicotomia, mas como busca de soluções colaborativas.

- Inteligências e agências animais, vegetais e minerais. Relações interespécies para além da centralidade do humano.

- Poéticas artísticas contemporâneas em diálogo e atualização dos gêneros de paisagem e natureza morta.

- Mudanças climáticas, diminuição da variedade biológica e produção artística.

- Artivismo ecológico e ações artísticas socioambientais.

- Reconexões espirituais, metafísicas e ancestrais com o mundo natural através da arte.

Serão privilegiadas colaborações que tenham a produção artística como principal disparador de reflexões, ao invés de textos puramente teóricos e externos à arte.

As colaborações podem ser submetidas até o dia 30 de novembro de 2024 para as seções artigos, resenhas, ensaios, entrevistas e traduções, com 25.000 a 35.000 caracteres, além de autorias e curadorias. O dossiê será publicado no primeiro semestre de 2025.

O template e as orientações para autores se encontram no website da revista Estado da Arte: http://www.seer.ufu.br/index.php/revistaestadodaarte/index.  

Editores:

Hugo Fortes

Artista Visual e Professor Associado da USP

Nivalda Assunção

Artista Visual e Professora Associada da UnB

 

Contato Revista Estado da Arte: priscila.rampin@ufu.br

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OPEN CALL: Art and Nature in the Age of Climate Change

Volume 6, number 1 (2025)

The relationship between art and nature is not a recent phenomenon; however, it is acquiring new aspects in the face of the climate threats we are imposing on the planet. Since ancient times, nature has always sparked reflections for artists, whether as a model for mimetic representation or as an inspiring source in its creative potency. Just as nature creates its beings in an autopoietic and collaborative perspective, the artist populates the world with their objects.

Throughout art history, we find genres in which nature plays a central role, such as landscape painting or still life. These genres generate a variety of reflections that address spiritual and metaphysical questions as well as virtuous representations of the natural environment. For a long time, nature and culture were conceived as opposing and exclusive entities, distancing humans from their animal and natural context and inserting them into a cultural condition supposedly rational. In an era where this separation can no longer be sustained, given that humanity has drastically interfered with the environment, endangering its own survival, it is necessary to rethink these relationships. Several contemporary thinkers such as Bruno Latour, Donna Haraway, Viveiros de Castro, Aylton Krenak, Emanuele Coccia, Stefano Mancuso, among others, have critically discussed the prepotent centrality of the human, urging us towards more collaborative and respectful proposals with non-humans. This is not only to ensure our own survival, but also to promote the maintenance of life in this great organism called Gaia.

The aim of this dossier is to inquire into the possibilities of art contributing to increased environmental awareness in the contemporary context. More than seeking illustrations of concepts external to artistic production, we seek to discuss the issues engendered by artworks themselves that focus on ecological concerns. How can artistic production reflect on nature, updating its relationships with historical genres and creating original poetics that stimulate new thoughts and perceptions?How can we relate activist artistic actions to the power of reflective contemplation on the natural world, intertwining spiritual, historical, political, and social aspects?

Therefore, in this dossier, we seek to publish articles and artistic propositions that offer a reflection on the growing modifications in the environment made by humans, affecting all beings beyond humans. Below are some of the themes we intend to address in this publication:

New ways of thinking about the relationships between nature and culture, not as a dichotomy, but as a search for collaborative solutions.

Animal, plant, and mineral intelligences and agencies. Interspecies relationships beyond human centrality.

Contemporary artistic poetics in dialogue with and updating landscape and still life genres.

Climate change, biodiversity loss, and artistic production.

Ecological artivism and socio-environmental artistic actions.

Spiritual, metaphysical, and ancestral reconnections with the natural world through art.

We prioritize collaborations where artistic production is the main trigger for reflections, rather than purely theoretical texts external to art. Contributions can be submitted until November 30, 2024, for the sections of articles, reviews, essays, interviews, and translations, with 25,000 to 35,000 characters, including visual essays, portfolios and curatorship projects. The dossier will be published in the first semester of 2025.

The template and author guidelines can be found on the revista Estado da Arte website:

http://www.seer.ufu.br/index.php/revistaestadodaarte/index.

Editors:

Hugo Fortes

Visual artist and associate professor at USP

Nivalda Assunção

Visual artist and associate professor at UNB