CONSTITUIÇÃO PROFISSIONAL DOS FORMADORES DE PROFESSORES EM SUA TRAJETÓRIA FORMATIVA

Resumo

Ao ingressarem na docência universitária os professores não chegam esvaziados de experiências profissionais. A trajetória enquanto alunos de diferentes educadores lhes possibilita formar alguns modelos que eles acabam reproduzindo ou rejeitando. Nesse sentido, este estudo teve como objetivo analisar as lembranças marcantes dos formadores de professores sobre seus ex-professores e verificar sua articulação com a prática pedagógica que desenvolvem junto aos seus alunos. A partir de uma abordagem quanti-qualitativa, a pesquisa constituiu-se num estudo de caso e fundamentou-se na psicologia histórico-cultural. Participaram oitenta e oito formadores de professores de uma universidade pública e os procedimentos metodológicos incluíram a aplicação de questionários, realização de entrevistas e observação de aulas. Na pesquisa os formadores relataram lembranças negativas vivenciadas com seus antigos professores que gritavam, eram bravos e demonstravam pouca afetividade com os alunos. E, ainda, utilizavam estratégias de ensino pouco criativas e repetitivas. Nesse sentido, ressaltaram a importância de se refletir sobre as metodologias utilizadas por eles, pois agindo assim poderiam evitar a repetição de atitudes, comportamentos e ações que os docentes tiveram e que não consideraram adequados. Entretanto, o que pudemos observar é que houve uma tendência de alguns participantes em realizar ações similares àquelas as quais foram submetidos. Ficou evidente o ciclo reprodutor de um processo que tem sua origem na constituição do sujeito formador e sua continuidade na sua ação profissional, lançando como prática formativa concepções apropriadas enquanto indivíduo em constituição. Esse dado anuncia ainda um processo contínuo: no exercício da docência, esse formador, assim constituído, exerce agora seu papel constituidor e, dessa forma, outros professores estão agora se apropriando desse modelo. Sabemos que os dados anunciam questões a serem discutidas e analisadas. Fica o convite para que novos olhares sejam lançados e para que outros questionamentos nos mobilizem para novas reflexões e ações sob o contexto da formação.