Uma análise dos nós, redes e tessituras em uma iniciativa de Turismo de Base Comunitária de uma Comunidade Tradicional de Mato Grosso do Sul
DOI:
https://doi.org/10.14393/RCT206079721Palavras-chave:
território, comunidade indígena, Pantanal, artesanatoResumo
Este artigo analisa os nós, redes e tessituras em uma iniciativa de Turismo de Base Comunitária de uma Comunidade Tradicional do Pantanal-Sul, especificamente a Associação de Mulheres Artesãs Comunidade de Barra de São Lourenço - Renascer, composta por indígenas Guató. Adotamos a pesquisa-ação-participativa combinada com a abordagem territorial e com a história oral, para coletar narrativas e saberes das artesãs indígenas. A pesquisa revela que os nós são os pontos de articulação do conhecimento ancestral e da identidade, como a própria sede da Associação (representados pelas técnicas de artesanato como o trançado). As redes são as conexões de solidariedade, compartilhamento de saberes e de interdependência com o meio ambiente (representadas pela técnica tramado no artesanato). Por fim, a tessitura mostra-se como um tecido social e espacial dinâmico, que reflete a luta por reconhecimento e a capacidade de adaptação, permitindo que as práticas se renovem sem que as raízes culturais sejam perdidas (representada pelas técnicas de artesanato como o entrelaçado). A análise aponta que a parceria com agências de turismo gera novas dinâmicas econômicas, mas também cria uma dependência comercial. Assim, reforçamos a importância de compreender essas estruturas para fortalecer a autonomia e a autodeterminação das comunidades.
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