Estrangeirização de terras no Brasil contemporâneo
reflexões teórico-metodológicas e desdobramentos nos territórios
DOI:
https://doi.org/10.14393/RCT195774896Palavras-chave:
estrangeirização de terras, land grabbing, financeirização, questão agráriaResumo
O tema da estrangeirização de terras ganhou destaque no início do século XXI, acompanhando o crescente interesse do capital internacional pelos ativos fundiários e recursos naturais após a crise financeira de 2008. No Brasil, a estrangeirização dos imóveis rurais obteve espaço nos círculos políticos e midiáticos (além de se tornar objeto de pesquisas acadêmicas), chamando a atenção para os riscos que esse processo traria à soberania nacional, à garantia da segurança alimentar e, de forma mais geral, à sustentabilidade. O presente artigo procura refletir sobre os desafios teórico-metodológicos da estrangeirização de terras no Brasil contemporâneo, destacando os atores envolvidos (globais e regionais), os setores para os quais se dirigem esses investimentos e problematizando potenciais desdobramentos nos territórios. O enquadramento deste fenômeno em uma chave de leitura mais ampla como land grabbing (açambarcamento ou apropriação de terras) nos permite refletir sobre o fenômeno de uma perspectiva histórico-processual, sem perder de vista suas particularidades contemporâneas. Considerando as subnotificações nos dados oficiais do Estado brasileiro e as dificuldades de acesso a informações confiáveis, entre 2017 e 2020 analisamos 224 casos de empresas, companhias de capital aberto ou fundos de investimento, com participação de capital estrangeiro em sua composição, que são proprietários de terras ou controlam terra no Brasil, correspondendo a cerca de 9,1 milhões de hectares, número três vezes maior do que as estimativas oficiais.
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