Ruralidades e enoturismo no Vale dos Vinhedos/ Serra Gaúcha – RS
DOI:
https://doi.org/10.14393/RCT143409Resumo
Este artigo busca traçar um breve histórico da formação territorial do Vale dos Vinhedos (Brasil), protagonizado pela figura do colono viticultor, situando a relevância do enoturismo neste contexto. Enoturismo entendido como atividade que revaloriza e reinventa o mundo rural, transformando um espaço produtivo em espaço de lazer e propiciando a pluriatividade ao viticultor. Esta pesquisa qualitativa consistiu em revisão bibliográfica de livros, teses e dissertações onde o recorte espacial é o Vale dos Vinhedos. Constatou-se que em um território com identidade supostamente homogênea – habitado por viticultores descendentes de italianos - coexistem ruralidades diversas, expressas em diferentes modos de produção, relação com o mercado de uvas e vinhos, usos da terra e relevância do enoturismo. Nesta região convivem grandes empresas vitivinícolas que recebem fluxo intenso de turistas, vinícolas familiares de médio porte onde a venda direta de vinhos aos visitantes é parcela substancial dos ingressos, produtores cooperados que preservam a tradição da produção de vinhos e alimentos coloniais e mantém certo distanciamento em relação ao mercado do turismo e, finalmente, novos atores com uma perspectiva ecologizada da agricultura focada na produção de uvas orgânicas e vinificação em pequena escala. Concluiu-se, portanto, que as diferentes ruralidades do Vale refletem nas múltiplas experiências que o enoturismo pode proporcionar. O vinho, produto agrícola de alto valor agregado, é indutor de desenvolvimento territorial endógeno e contradiz a ideia de precariedade estrutural do rural brasileiro. E o enoturismo fortalece as ruralidades em torno do vinho.
Palavras chaves: Ruralidades; Vitivinicultura; Enoturismo; Vale dos Vinhedos.