Dinâmica do espaço agrário no Vale do Jequitinhonha mineiro: combinações e conflitos
DOI:
https://doi.org/10.14393/RCT205877496Palavras-chave:
método da Geografia, desigual e combinado, formação sócio-espacial, Vale do Jequitinhonha mineiroResumo
O seguido texto é resultado do debate vivenciado na disciplina “Dinâmica do Espaço Agrário: combinações e conflitos”, ministrada no Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes). A ideia de inserir a perspectiva do desenvolvimento desigual e combinado no programa encontrou guarida nas problematizações dos mestrandos e doutorandos. Assim, o objetivo desse artigo é desvelar o desigual e combinado enquanto categoria de análise do Vale do Jequitinhonha, a partir de reflexões sobre os sujeitos que compõem esse continuum de relações sociedade e espaço que é ao mesmo tempo peculiaridade e reflexo de múltiplas determinações. O referido texto é fruto de uma caminhada que incluiu uma revisão bibliográfica apurada e trabalhos de campo com entrevistas semi-estruturadas em comunidades tradicionais afetadas pelos megaprojetos de mineração no Vale do Jequitinhonha mineiro. Um engendramento sutil e conflituoso que exprime com potência a dinâmica desse conjunto regional forjado de um contexto de “seca” para atender ao movimento das verticalidades – grandes projetos de desenvolvimento - que se impõem como determinação, se combinam para cooptar e criam paradoxalmente resistências e ressignificações dos “de baixo” a partir das horizontalidades – reprodução social camponesa-artesã. Cabe destacar ainda que, como aporte geográfico da análise trouxemos a perspectiva da formação sócio-espacial de Santos (2017 [1977]) cujo entendimento desses mesmos processos pode ser atrelado às imbricações entre as formações sociais e os modos de produção, como um movimento dinâmico e contraditório na transformação dos espaços desse Vale do Jequitinhonha mineiro.
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