A face feminina da pobreza no território meio Oeste Contestado, Santa Catarina
DOI:
https://doi.org/10.14393/RCT164103Resumo
No Brasil, as mulheres conquistaram igualdade jurídica a partir da Constituição de 1988. Nos últimos anos, políticas públicas estatais voltadas para grupos de maior vulnerabilidade social as têm trazido para a centralidade da gestão familiar. É a relação entre essas mulheres e as políticas públicas de enfrentamento à pobreza que este artigo analisa. A pesquisa de campo foi realizada na região Oeste de Santa Catarina, entre abril e maio de 2016. Selecionamos 10 municípios com base nos critérios de diversidade de contextos sociais, econômicos e demográficos e entrevistamos 40 famílias assistidas pelo Programa Bolsa Família e 10 profissionais da assistência social. Utilizamos como método de coleta de dados, entrevistas semiestruturadas. Os resultados da pesquisa indicam que na divisão do trabalho por gênero, as atividades domésticas e cuidados com os filhos ficam a cargo das mulheres e implicam no reforço da situação de pobreza, gerando privações em relação ao trabalho remunerado, uma vez que exigem presença constante nos domicílios. Outra situação de vulnerabilidade é a violência doméstica, que levou algumas mulheres a optarem pelo término do relacionamento afetivo, o que, na maioria dos casos, obrigou-as a arcarem sozinhas com o sustento dos filhos. Outras, temendo represálias, não efetuam denúncias aos órgãos competentes. As mulheres entrevistadas vivem uma maior vulnerabilidade em relação aos homens e embora as políticas públicas implementadas nas últimas décadas tenham melhorados suas condições de vida, não há ações específicas direcionadas à sua emancipação.