Migração e cotidiano dos cortadores de cana do município de Ererê-CE
mãos sobre o facão, olhos para o calendário
DOI:
https://doi.org/10.14393/RCT143307Resumo
O Brasil é o maior produtor da cana-de-açúcar desde 1980, sendo São Paulo o maior produtor nacional nos dias atuais, com mais de 51% do total. O mercado de trabalho aberto, apesar da modernização da canavicultura, ainda contribui para as dinâmicas migratórias do país. Deste modo, o presente trabalho buscou compreender o cotidiano dos trabalhadores migrantes no interior de São Paulo. A contextualização analisa a migração sazonal dos cortadores de cana de Ererê-CE, que deixam seu município em direção à cidade de Avaré - SP. Para tanto, realizou-se uma pesquisa bibliográfica em torno das ideias de Costa e Clesps (2008), Stecanela (2009), Moraes et al. (2009), Queiroz (2011), Santos e Souza (2012), Beltrão (2012) e Tuan (2013). Além disso, foi feito entrevistas com os cortadores de cana através do aplicativo Whatsapp. Desse modo, o presente estudo identificou que o principal motivo para o deslocamento dos cortadores de cana é a falta de emprego no munícipio em que residem. Assim, os migrantes se deslocam para trabalhar no corte de cana em busca de melhores condições financeiras. Constatou-se que as condições de vida dos migrantes que cortam cana no Avaré é um trabalho com carga horária excessiva, consequentemente, gerando uma atividade exaustiva, além da alimentação inapropriada, com condições precárias de vida. Com isso, percebe-se que a cada período mais intenso de trabalho com o facão nas mãos, os migrantes safristas ficam ansiosos e esperançosos com o propósito de retorno para o lugar de origem.