Marxismo e campesinato
abordagens teóricas sobre a "classe incômoda"
DOI:
https://doi.org/10.14393/RCT112403Resumo
O lugar social dos camponeses sob o capitalismo constitui-se um tema de ampla controvérsia nas ciências humanas, particularmente entre os autores inspirados pelo pensamento de Karl Marx. A condição social simultânea de trabalhador e detentor de meios de produção (terra, instrumentos de trabalho, etc.) e, ademais, o antagonismo político assumido frente aos grandes proprietários de terra conferem ao campesinato uma posição de difícil ajuste aos modelos teóricos focados tão somente no rendimento e suas fontes. Neste artigo, discutiremos o campesinato como classe em uma perspectiva marxista, evidenciando a relação dialética entre estrutura e superestrutura (objetividade e subjetividade) como uma chave analítica profícua à problemática em foco. Esta perspectiva permite o reconhecimento das particularidades relativas à realidade econômica desses sujeitos sociais, abrindo espaço, ao mesmo tempo, para a elucidação de expressões de resistência política por eles protagonizadas. As abordagens históricas de Marx (particularmente em sua obra 18 brumário) - e, particularmente, a análise sobre classes sociais nelas contidas - servirão de referencial analítico principal para a proposta aqui apresentada.