Indústria florestal e acumulação por desapropriação na Argentina
o caso de Alto Paraná S.A. na Província de Misiones
DOI:
https://doi.org/10.14393/RCT112202Resumo
No período histórico contemporâneo, é imperativo reavaliar o papel das práticas predatórias do capitalismo. Os novos usos extrativistas do território incorporam diferentes formas do que David Harvey chamou de "acumulação por desapropriação". O objetivo deste artigo é mostrar que o recente boom da silvicultura e a indústria florestal na Argentina é uma forma acabada, completa e aperfeiçoada de acumulação por desapropriação. O estudo centra-se na principal província florestal do país (Misiones), e, especificamente, na empresa chilena Alto Paraná S.A. Para isso, foram utilizadas três categorias de análise: a mercantilização, privatização e concentração de terras e a expulsão de camponeses e indígenas; a espoliação e degradação dos ativos ambientais locais; e a poluição ambiental e a desapropriação do direito à saúde da população. Conclui-se que o modelo florestal serve os interesses de empresas estrangeiras e da ordem global, ao mesmo tempo que ameaça a racionalidade dos pequenos produtores, os camponeses, os povos indígenas e a população em geral.