LUGAR E MÚSICA, CONCRETUDE E IMAGINAÇÃO: A CENA PSICODÉLICA SETENTISTA EM PERNAMBUCO (BRASIL)

Resumo

Nos anos de 1970, contexto de ditadura militar e de tecnificação seletiva do território brasileiro, Pernambuco, e sua capital, a metrópole do Recife, abrigaram a “Psicodelia Pernambucana”, movimentação artística também conhecida como “Udigrudi” ou “Desbunde Recifense”. Operacionalizando a noção de Cena, cara ao estudo de uma determinada manifestação artística a partir do cotidiano dos lugares, analisa-se as variáveis, materiais e imateriais, embutidas na dinâmica – pretérita e atual – do Udigrudi Recifense dos anos 1970: estúdios fonográficos, locais de shows, lugares de encontro, sistemas técnicos, produções, cooperações, conflitos, memórias, anseios e fluxos de informações. A metodologia de trabalho baseia-se no levantamento bibliográfico e documental sobre a temática e em informações primárias reunidas a partir de visitas técnicas a locais conformados e apropriados pela cena Udigrudi, além de entrevistas semiestruturadas junto aos sujeitos envolvidos com a temática. A empiria demonstra tanto a dinamização de uma rica cena musical em um ambiente construído pautado na desigualdade socioterritorial e na repressão política e moral, quanto lugares expressando os anseios daqueles imbuídos na tarefa de tornar concretude toda a imaginação contida na experimentação psicodélica, fenômeno que ecoa até os dias atuais.