Vale de lama, rio de histórias
uma expedição geográfica no contexto do desastre da mineração na Bacia do rio Paraopeba, Minas Gerais
DOI:
https://doi.org/10.14393/RCT143414Resumo
Resumo: A mineração em grande escala no Brasil é movida por um modelo extrativista de riscos socioambientais estruturais. O desastre da Samarco/Vale/BHP Billiton na bacia do rio Doce, provocado pelo rompimento da barragem de Fundão em Mariana/MG, e o desastre da Vale na bacia do rio Paraopeba, causado pelo rompimento da Barragem I em Brumadinho/MG, são exemplos indubitáveis dos riscos do modelo mineral predatório. Desse modo, o texto apresenta relatos de uma expedição geográfica na bacia do rio Paraopeba, dez dias após o rompimento da barragem de rejeitos de minério de ferro da Vale em Brumadinho/MG. Realizada entre os dias 04 e 06 de fevereiro de 2019, a expedição na bacia do rio Paraopeba permitiu o contato direto com territórios e sujeitos impactados pela lama-rejeito. Baseados em observações diretas e entrevistas os resultados sublinham a cartografia do desastre ao longo do vale do rio, com efeitos na organização da vida e do trabalho de agricultores, pescadores e ribeirinhos. Em suma, acredita-se que os relatos da experiência de campo destacados no texto contribuirão com o debate crítico sobre o modelo de mineração no Brasil. Palavras-Chave: Brumadinho/MG. Bacia do rio Paraopeba. Mineração. Desastre.