Resumo
Este trabalho é uma abordagem teórica e etnográfica da cidade arruinada e dos escombros deixados pelo recente estallido social na Plaza Dignidad, em Santiago do Chile. Para avançar em direção a uma definição antropológica dos escombros, queremos nos perguntar: quais são os escombros do estallido e que espaço ocupa dentro da cidade, que histórias nos contam e que histórias contém, escondem e desestabilizam essas peles rachadas e fissuradas, e por que razões se torna um campo de disputa, um campo de esquecimento, desconforto e fascínio? Através do registro etnográfico e fotográfico das materialidades da revolta, a análise é organizada em torno de quatro dimensões: "Pele e pátina das memórias envolventes"; "Ambivalência da forma e a destruição"; "Fantasmas e fetiches"; "Afecções e topofilia em distopia". A conclusão é que quaisquer que sejam os artefatos arruinados, eles sempre - como materialidades residuais que são - desarranjam e desconcertam nossa cidade, forçando-a a reler e reescrever suas formas significantes. Nisso reside, possivelmente, o fascínio secreto dos escombros do estallido em Santiago.
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